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Forças ucranianas tentam evitar que Rússia tome usina nuclear de Chernobyl

Ministério das Relações Exteriores ucraniano ressaltou que ataque poderia 'causar outro desastre ecológico', em referência a 1986

Por Caio Saad Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO Atualizado em 24 fev 2022, 20h52 - Publicado em 24 fev 2022, 12h56

O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, afirmou em publicação no Twitter nesta quinta-feira, 24, que forças da Rússia tentam tomar controle da antiga usina nuclear de Chernobyl.

“Forças da ocupação russa estão tentando tomar controle de Chernobyl. Nossos defensores estão sacrificando suas vidas para que a tragédia de 1986 não seja repetida”, escreveu o presidente. “Esta é uma declaração de guerra contra toda a Europa”.

Em nota, o Ministério das Relações Exteriores ucraniano ressaltou o alerta de Zelensky, afirmando que um ataque poderia “causar outro desastre ecológico”.

+ Tudo o que se sabe até agora sobre a invasão da Rússia à Ucrânia

Trinta e um trabalhadores da usina e bombeiros morreram logo após o desastre de 1986, principalmente de doença aguda causada pela radiação. Outros milhares mais tarde sucumbiram a doenças relacionadas à radiação, como o câncer, embora o número total de mortes e os efeitos à saúde de longo prazo continuem sendo um assunto de intenso debate.

“Em 1986, o mundo viu o maior desastre tecnológico em Chernobyl (…) Se a Rússia continuar a guerra, Chernobyl pode acontecer novamente em 2022”.

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Durante a madrugada, forças russas invadiram a Ucrânia por terra, mar e ar concretizando os temores do Ocidente com o maior ataque de um Estado contra outro na Europa desde a II Guerra Mundial. Mísseis russos foram lançados contra cidades ucranianas e Kiev relatou tropas entrando em suas fronteiras nas regiões de Chernihiv, Kharkiv e Luhansk, e chegando via mar nas cidades portuárias de Odessa e Mariupol, ao sul do país.

Em pronunciamento,  o presidente ucraniano afirmou que o ataque russo mirou a “infraestrutura militar do país”. Zelensky ressaltou que já há baixas entre os russos, citando falas de autoridades militares de que ao menos cinquenta combatentes russos foram mortos na região de Luhansk.

Entre os ucranianos, ao menos 137 pessoas morreram e 316 ficaram feridas após ataques, de acordo dados preliminares apresentados por Zelensky.

De acordo com o presidente russo, Vladimir Putin, por sua vez, a operação militar iniciada nesta quinta-feira teria objetivo de proteger as pessoas de “abusos” por parte do governo ucraniano. Apesar da ação militar, negou qualquer plano de ocupação de territórios ucranianos, dizendo que “não vamos impor nada sobre ninguém usando força”. 

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“As repúblicas populares de Donbas abordaram a Rússia com um pedido de ajuda (…) Tomei a decisão de realizar uma operação militar especial. Seu objetivo é proteger as pessoas que são submetidas a abusos, genocídio de Kiev durante oito anos, e para isso buscaremos desmilitarizar e desnazificar a Ucrânia e levar à justiça aqueles que cometeram vários crimes sangrentos contra pessoas pacíficas, incluindo cidadãos russos”, disse Putin em um discurso na televisão.

As regiões pró-Moscou de Donetsk e Luhansk, que formam a região de Donbas, tiveram independência reconhecida na segunda-feira pela Rússia. Poucas horas depois, Putin anunciou a publicação de um decreto ordenando que o Ministério da Defesa envie tropas para “funções de manutenção da paz” para as repúblicas autoproclamadas. 

Apesar de represálias, incluindo na forma de sanções econômicas, o governo russo já vinha aproveitando o momento para colocar ainda mais  pressão sobre a Ucrânia e o presidente Volodymyr Zelensky, afirmando que a melhor solução para acabar com a crise seria o país desistir de entrar na Otan, principal aliança militar ocidental e grande ponto de atrito entre a Rússia e o Ocidente. 

Segundo Putin, uma eventual adesão do país vizinho à Otan é uma ameaça não apenas à Rússia, “mas também a todos os países do mundo”. De acordo com ele, uma Ucrânia próxima ao Ocidente pode ocasionar uma guerra para recuperar a Crimeia – território anexado pelo governo russo em 2014 –, levando a um conflito armado. 

A aliança, por sua vez, afirma que “a relação com a Ucrânia será decidida pelos trinta aliados e pela própria Ucrânia, mais ninguém” e acusa a Rússia de enviar tanques, artilharia e soldados à fronteira para preparar um ataque.

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Em fala na terça-feira, Putin também fez menção também aos Acordos de Minsk, negociados em 2015, sob mediação da Alemanha e França, para um cessar-fogo nas duas regiões, que teriam em troca autonomia administrativa. Segundo ele, não há mais nada para ser cumprido e culpa o governo da Ucrânia pelo fracasso do acordo. 

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