Forças israelenses avançam em Gaza pelo norte e pelo sul do enclave
Militares de Israel voltaram a área onde alegaram ter derrotado o Hamas meses atrás, enquanto tanques e bombardeios pressionam Rafah
As Forças de Defesa de Israel (FDI) avançaram com operações militares na Faixa de Gaza tanto pelo norte quanto pelo sul nesta segunda-feira, 13, aumentando a pressão sobre o enclave palestino. No norte, os soldados tentam obter controle sobre uma área onde alegaram ter derrotado o Hamas meses atrás, enquanto no extremo oposto a presença de tanques e bombardeios se intensificaram em Rafah.
Pelo norte
Nesta segunda, tanques israelenses avançaram em direção ao coração de Jabalia, distrito onde fica o maior dos oito campos de refugiados de Gaza, construídos há 75 anos para abrigar refugiados que foram expulsos do território onde foi instalado o Estado judaico. O Ministério de Saúde local, controlado pelo Hamas, disse ter encontrado 20 corpos de palestinos mortos durante ataques aéreos noturnos, enquanto dezenas ficaram feridos.
Testemunhas ouvidas pela agência de notícias Reuters afirmaram que moradores do campo fugiram de suas casas carregando sacolas com pertences. Projéteis dos tanques atingiram o centro do acampamento e ataques aéreos destruíram várias casas, ampliando os escombros do já destruído norte de Gaza.
De acordo com Israel, o regresso ao norte, de onde a maioria das tropas havia saído há cinco meses, faz parte de uma fase de “limpeza” para evitar a volta do Hamas à região. O governo justificou que as operações sempre fizeram parte da sua estratégia, enquanto os palestinos disparam que a necessidade de voltar à região é prova de que os objetivos militares de Tel Aviv são inatingíveis.
Pelo sul
Em Rafah, perto da fronteira sul de Gaza com o Egito, Israel intensificou os ataques aéreos e terrestres no leste da cidade. Autoridades locais afirmaram que foram registrados mortos devido a um bombardeio que atingiu uma casa no bairro chamado Brasil.
Além disso, segundo a Reuters, moradores afirmaram que tanques bloquearam a principal estrada de Rafah, Salahuddin, que divide a parte leste da cidade da área central.
Na semana passada, Israel ordenou que 100 mil pessoas deixassem a região leste de Rafah. Nos últimos dias, estendeu a ordem às áreas centrais. Estima-se que a cidade abrigue 1,4 milhões de palestinos, mais da metade da população do enclave, a maioria já deslocada devido a combates no resto de Gaza.
A UNRWA, principal agência das Nações Unidas em Gaza, estima que cerca de 360 mil pessoas já fugiram de Rafah desde a primeira ordem de evacuação, há uma semana. O Ministério da Saúde local alertou em comunicado nesta segunda-feira que o sistema médico está à beira do colapso devido à falta de combustível para geradores de energia e ambulâncias, impedidos de entrar no enclave devido ao cerco a Rafah – onde fica o único ponto de entrada de ajuda humanitária internacional, na fronteira egípcia.
Atrito com os EUA
Durante uma cerimônia para homenagear soldados israelenses mortos em Jerusalém, o primeiro-ministro do país, Benjamin Netanyahu, disse nesta segunda-feira que a guerra contra o Hamas é uma luta para garantir a “existência, liberdade, segurança e prosperidade” de Israel.
“Nossa guerra de independência ainda não acabou, continua até hoje”, disse Bibi.
Mas o ataque a Rafah causou uma das maiores divisões em gerações entre Israel e o seu principal aliado, os Estados Unidos, que pela primeira vez suspenderam parcialmente entregas de armas. Washington justificou que Tel Aviv não deve atacar Rafah sem um plano para proteger os civis no local.
O gabinete do ministro da Defesa de Israel, Yoav Gallant, disse na segunda-feira que ele informou o secretário de Estado americano, Antony Blinken, sobre a “operação precisa” na área de Rafah. Jack Lew, o embaixador dos Estados Unidos em Israel, sinalizou no domingo que a incursão na cidade do sul de Gaza ainda está em uma escala que Washington considera “aceitável”.