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Forças de Israel usam palestinos como escudos humanos em operações, diz jornal israelense

Segundo reportagem do jornal Haaretz, civis são escolhidos de maneira aleatória e são obrigados a usar uniformes do Exército para se mesclarem nas unidades

Por Da Redação
14 ago 2024, 18h01
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  • As Forças de Defesa de Israel (FDI) utilizaram palestinos como escudo humano em operações em túneis e propriedades nos últimos meses, como forma de proteção para potenciais armadilhas implementadas pelo grupo palestino radical Hamas, apontou uma reportagem do jornal israelense Haaretz nesta terça-feira, 13. Segundo a denúncia, os civis são escolhidos de maneira aleatória e são obrigados a usar uniformes do Exército para se mesclarem nas unidades.

    O uso de escudos humanos é proibido sob o direito internacional pelo Protocolo I das Convenções de Genebra e é considerado um crime de guerra, bem como uma violação do direito humanitário.

    Não é a primeira vez que veículos de mídia relatam que as FDI se utilizam se escudos humanos. Em junho, a emissora Al Jazeera, baseada no Catar e banida por Israel, mostrou que um palestino ferido foi amarrado ao capô de um veículo militar em um ataque na cidade de Jenin, como uma espécie de armadura. Na ocasião, imagens mostravam Mujahed Azmi atado ao jipe, que passa por duas ambulâncias.

    A matéria do Haaretz, então, faz novas acusações à defesa israelense. Algemados, os palestinos eram obrigados a usar coletes à provas de balas com câmeras e entrariam nos locais de risco a mando de militares. As operações não seriam segredo para autoridades de “altos escalões” e “há orgulho nisso [em usá-los como escudo humano]”, disseram fontes familiarizadas com o assunto ao jornal. Soldados, inclusive, teriam sido instruídos de que sua sobrevivência “é mais importantes que as vidas deles”.

    “Cerca de cinco meses atrás, dois palestinos foram trazidos até nós. Um tinha 20 anos e o outro 16. Disseram-nos: ‘Usem-nos, eles são de Gaza, usem-nos como escudos humanos'”, alegou um soldado israelense.

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    Jovens e idosos

    Não apenas jovens são obrigados a funcionar como blindagem, como idosos também participam de ofensivas. Segundo outro soldado, “houve momentos em que pessoas realmente velhas foram obrigadas a entrar em casas”. Não importa a idade, alguns palestinos são forçados a permanecer com as unidades “apenas” por 24 horas, outros ficam por dois dias ou até uma semana, de acordo com o Haaretz.

    “Quando você está dentro dessa coisa, você não sabe como dizer o que está certo. O que é certo é que é uma sensação horrível”, contou o soldado, também sem ter a identidade revelada.

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    “Você fica quieto e tenta se convencer, ok, vamos usá-los.’ Eles tentaram explicar racionalmente, mas no final um garoto de 16 anos está sentado lá algemado dentro de casa com os olhos cobertos”, acrescentou outro militar.

    Em uma das operações, militares teriam expressado preocupações com a estratégia, uma clara violação do direito internacional. Eles, então, teriam sido convencidos de que “a ideia em geral era que se a casa estivesse armada com uma armadilha, ou se houvesse uma emboscada ou terroristas na área, eles matariam [o palestino que foi enviado] e não os soldados”.

    Na argumentação, teria sido dita a palavra “shawish”, que, em árabe, significa um soldado de baixa patente. Em outro momento, em meio ao desconforto de parte dos combatentes com o uso de um adolescente, um comandante de um dos batalhões teria dito que “um soldado não precisa se interessar pelas leis da guerra” e, sim, “pensar sobre os valores das FDI e agir de acordo com os valores das FDI”.

    Com a publicação da reportagem, o porta-voz do Departamento de Estado dos EUA, Vedant Patel, apelou para que Israel “investigue essas alegações de forma imediata e transparente e responsabilize quaisquer possíveis perpetradores” e destacou que o país “tem a responsabilidade de cumprir com suas obrigações sob o direito internacional humanitário”. Após a eclosão da guerra Israel-Hamas, em 7 de outubro, o presidente americano, Joe Biden, logo se posicionou como o principal aliado de Tel Aviv contra os militantes, estendendo apoio “sólido como uma rocha e inabalável” ao governo israelense.

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