O filme A Girl in the River: The Price of Forgiveness, ou Uma Garota no Rio: O Preço do Perdão, em tradução literal para o português, foi indicado para a categoria Melhor Documentário de Curta-Metragem no Oscar 2016 e retrata um drama vivido por muitas mulheres no Paquistão. No país, os chamados crimes de honra provocam a morte de cerca de 1.000 mulheres por ano. Esses tipos de crimes são muito frequentes no sul da Ásia, em sociedades extremamente machistas. Eles são cometidos quando um membro da família, normalmente homem, considera que sua moral foi atingida por uma atitude de sua filha, irmã ou mãe, e usa a violência como forma de “recuperar a honra da família”.
Na história do filme que concorre à premiação desse domingo, Saba Qaiser, uma garota de 18 anos, é sequestrada por seu pai e tio por ter se apaixonado e casado com um homem que eles não aprovavam. Eles então a levam até a margem de um rio e atiram nela, atingindo seu rosto, e depois jogam seu corpo no rio, confiantes de que tinham restaurado o nome da família. Mas Saba consegue se arrastar para fora da água e encontra ajuda para tratar seus ferimentos. Tempos depois, ela foi obrigada por seus parentes a perdoar o pai perante um tribunal, algo permitido pela lei islâmica.
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Infelizmente, nem todas as vítimas tem a sorte de sobreviver como Saba. Contudo, o filme já levou a um debate sem precedentes sobre a prática dos “crimes de honra” na sociedade muçulmana. Comovido pela história do documentário, o primeiro-ministro paquistanês, Nawaz Sharif, usou seu escritório para a première paquistanesa do curta na última segunda-feira.
Em uma reunião com a diretora do filme, Sharmeen Obaid-Chinoy,o primeiro-ministro prometeu também avançar com a legislação que impedirá que os responsáveis pelos “crimes de honra” escapem impunes. Sharif ressaltou que a garantia dos direitos das mulheres é uma prioridade de seu governo, especialmente o fim da violência e a opressão que sofrem. “Há muito tempo, os crimes de honra não são considerados crime no Paquistão, porque ninguém é processado ou preso. As pessoas não os veem como são, assassinato a sangue frio, e tentam explicá-los como uma questão de religião ou tradição”, afirmou Sharmeen ao jornal britânico Telegraph.
(Da redação)