Black Friday: Assine a partir de 1,49/semana
Continua após publicidade

Filipinas: jornalista crítica ao presidente é condenada por difamação

Maria Ressa pode pegar até seis anos de prisão; organizações de defesa da liberdade de imprensa denunciam tentativa de silenciar a oposição

Por AFP Atualizado em 15 jun 2020, 12h13 - Publicado em 15 jun 2020, 12h00

Maria Ressa, uma veterana jornalista das Filipinas e frequente crítica ao governo do presidente Rodrigo Duterte, foi declarada culpada de ciberdifamação nesta segunda-feira, 15, por um tribunal da capital Manila e pode receber uma pena de até seis anos de prisão. Organizações de defesa da liberdade de imprensa consideram o julgamento uma tentativa do governo de silenciar a oposição.

ASSINE VEJA

Os desafios dos estados que começam a flexibilizar a quarentena
Os desafios dos estados que começam a flexibilizar a quarentena O início da reabertura em grandes cidades brasileiras, os embates dentro do Centrão e a corrida pela vacina contra o coronavírus. Leia nesta edição. ()
Clique e Assine

Utilizando máscara para se proteger do coronavírus, a jornalista saiu do tribunal em liberdade para aguardar a análise de um recurso de apelação. Maria Ressa, de 56 anos, é editora e cofundadora do site de notícias Rappler, alvo de várias investigações judiciais depois de publicar textos críticos à administração de Duterte – em especial a respeito de sua polêmica e violenta política de combate ao narcotráfico no sudeste da Ásia.

A profissional com passagem pela emissora CNN pode ser condenada a até seis anos de prisão, mas ainda não é possível saber quanto tempo de detenção terá de cumprir se a sentença for confirmada. “Vamos continuar resistindo a todos os ataques contra a liberdade de imprensa”, declarou a jornalista, após o veredicto.

Maria Ressa foi considerada uma das personalidades de 2018 pela revista americana Time. “Isto é um obstáculo, mas não é algo inesperado. Tentam nos assustar, mas não tenham medo. Porque, se não exercerem seus direitos, vão perdê-los”, completou. “Comecei minha carreira em 1986 e trabalhei em muitos países. Fui alvo de tiros e ameaçada, mas nunca vivi esse tipo de morte a fogo lento.”

Continua após a publicidade
Rodrigo Duterte
Rodrigo Duterte, Presidente das Filipinas (Erik De Castro/Reuters)

O julgamento tem como motivação um artigo escrito em 2012 sobre as supostas relações entre um empresário e o presidente do Supremo Tribunal da época. A denúncia apresentada pelo empresário foi rejeitada em 2017, mas o caso foi enviado em seguida para a Procuradoria, que decidiu levar à Justiça Ressa e o ex-jornalista Reynaldo Santos, autor do texto, que também foi declarado culpado nesta segunda-feira e foi solto sob fiança.

O julgamento e a condenação têm como base uma controversa lei sobre crimes virtuais, que pune a difamação na Internet, mas também o assédio e a pornografia infantil. A lei entrou em vigor em setembro de 2012, ou seja, depois da publicação do artigo em questão.

Continua após a publicidade

A Procuradoria alegou que a correção de um pequeno erro tipográfico em 2012 por parte do site Rappler possibilitou a aplicação da lei.

O governo Duterte nega um julgamento político e afirma que as autoridades se limitam a fazer com que a lei seja respeitada. Já as organizações de defesa dos direitos humanos afirmam que o caso e a perseguição ao Rappler são claramente uma situação de assédio.

“Ressa e a equipe do Rappler são tomados como alvos por serem críticos do governo Duterte”, afirmou a Anistia Internacional. A Human Rights Watch considera que o caso “não terá eco apenas nas Filipinas, mas também em países que consideravam as Filipinas um local favorável à liberdade de imprensa”.

Continua após a publicidade

O país caiu para o 136º lugar (de um total de 180) na classificação mundial da liberdade de imprensa estabelecida pela ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF).

O veredicto contra Ressa foi anunciado pouco mais de um mês depois da agência reguladora do governo ter determinado a retirada do ar da ABS-CBN, a principal emissora da nação, após anos de ameaças de Duterte de fechar a rede.

Assim como o Rappler, a ABS-CBN cobriu “a guerra contra as drogas” do presidente, segundo a qual os policiais devem matar os narcotraficantes e supostos usuários de drogas.

A agência filipina de luta contra as drogas afirma que a polícia matou pelo menos 5.600 pessoas suspeitas de tráfico de drogas, mas diversas organizações calculam que o balanço seja três vezes superior. Outra personalidade que critica a política antidrogas de Duterte é a senadora Leila de Lima, que está detida há três anos por tráfico de drogas.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Black Friday

A melhor notícia da Black Friday

BLACK
FRIDAY

MELHOR
OFERTA

Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de 5,99/mês*

ou
BLACK
FRIDAY
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba 4 Revistas no mês e tenha toda semana uma nova edição na sua casa (menos de R$10 por revista)

a partir de 39,96/mês

ou

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$71,88, equivalente a 5,99/mês.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.