A austríaca que foi mantida trancada num porão por 24 anos pelo próprio pai presta depoimento à polícia nesta sexta-feira. As autoridades do país querem saber detalhes e obter novas informações sobre os crimes de Josef Fritzl, que teve sete filhos com a própria filha, Elisabeth, hoje com 42 anos. A mulher está sendo tratada numa clínica de psiquiatria, junto dos filhos que nasceram no porão. Fritzl continua detido numa cadeia de St. Poelten, a 80 quilômetros de Viena.
Uma das principais dúvidas das autoridades é a causa da morte de uma das crianças que Fritzl teve com Elisabeth. Os policiais pretendiam esclarecer esse caso durante o depoimento desta sexta. Um médico participaria do depoimento para ajudar Elisabeth a explicar as circunstâncias do parto e da morte da criança — cujo corpo Fritzl diz ter queimado. O depoimento seria gravado, para que Elisabeth não precise voltar a contar o caso pessoalmente em um tribunal.
As autoridades austríacas não revelaram onde o depoimento seria colhido ou quanto tempo ele duraria. As acusações formais contra Fritzl deverão ser concluídas e depois apresentadas pelos promotores dentro de alguns meses. O julgamento deve começar ainda neste ano. A polícia e a promotoria afirmam que Fritzl confessou todos os seus crimes — manter a filha no porão, praticar abuso sexual e ocultar todas as pistas que poderiam levar à descoberta das atrocidades.
Fritzl admitiu ter incinerado o corpo de um bebê nascido no porão em 1997. Se ele for considerado responsável pela morte, ainda que de forma indireta, deve responder pelo crime de homicídio. Os testes de DNA já comprovaram que ele é o pai das seis crianças que sobreviveram. No começo deste mês, Kerstin, uma das filhas de Elisabeth, se reuniu com a família depois de sair do coma. Para os médicos, ela ficará totalmente recuperada, ao menos do ponto de vista físico.