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Festas: a nova ameaça de contágio em países que relaxaram a quarentena

Encontros com mais pessoas que o permitido têm sido responsáveis pela disseminação de coronavírus em países que apostaram em "novo normal"

Por Ricardo Ferraz Atualizado em 22 jun 2020, 18h54 - Publicado em 22 jun 2020, 18h52

Os países que conseguiram achatar a curva de contágio tinham um plano: retomar as atividades não essenciais e, ao mesmo tempo, manter o vírus isolado. Surgiu assim a ideia de um “novo normal”, que permitiu o relaxamento das medidas de isolamento social “em modo de segurança”, o que inclui uso de máscaras, distanciamento entre pessoas nos locais públicos e reuniões com poucas pessoas, apenas em locais ao ar livre.

Mas, alguns países começam a descobrir que o “velho normal”, está se impondo. Sedenta por encontros, a população não respeitou as regras mais básicas e está promovendo reuniões que são verdadeiras festas… para o coronavírus se disseminar.

Nesse fim de semana, a polícia de Portugal desfez duas festas à beira mar em pontos próximos à Lisboa. Um delas contava com mais de mil convidados, reunidos em um estacionamento de restaurante. A legislação do país proíbe encontros com mais de 20 pessoas.

O país ibérico é apontado como um dos que melhor lidaram com a pandemia do novo coronavírus, registrando apenas 39 mil casos e pouco mais de 1,5 mortes. As autoridades estão preocupadas que as festas possam reverter esse quadro. O número de novos casos entre as pessoas de 10 a 30 anos de idade aumentou em cerca de 90%, desde que Portugal relaxou as regras de circulação.

Por enquanto, as festas ainda são vistas com fenômenos isolados, presentes apenas nos bairros mais populosos: “O núcleo do problema está centrado em apenas em 15 bairros. Precisamos de um esforço maior nessas áreas”, disse o primeiro ministro Antonio Costa, que anunciou que, nesses locais, o limite para reuniões será de 10 pessoas e impôs um toque de recolher à agitada vida noturna da capital. Os pontos comerciais fecharão ás oito da noite com exceção dos restaurantes, que poderão funcionar, contanto que não sirvam bebida alcólica após esse período.

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Do outro lado do mundo, a Austrália, outro país que conseguiu conter rapidamente a circulação do vírus, enfrenta problema semelhante. A cidade de Melbourne, umas das mais populosas, recomendou o fechamento de bairros inteiros depois que reuniões familiares e festas de aniversário causaram novos surtos de Covid-19. Nesta segunda-feira, um comitê nacional de saúde aconselhou que mais de um milhão de pessoas permanecessem em suas casas.

O governo do estado de Victória está considerando transformar o alerta em uma ação mais efetiva, com a proibição de circulação. Cerca de 83% dos 116 casos relatados na Austrália nos últimos sete dias são originários do estado, com uma grande parcela atribuída à transmissão comunitária

Após meses de bloqueio, a maioria dos estados e territórios da Austrália conseguiu reduzir o número de casos ativos para quase zero, relaxando as fronteiras estaduais. Em, Sydney, a vida está voltando ao normal, com escolas e praias abertas e restrições relativamente frouxas ao distanciamento social. No oeste da Austrália, multidões de 30.000 pessoas poderão assistir a partidas esportivas a partir de sábado e locais de música ao vivo abrirão suas portas novamente.

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A Suíça parece ir pelo mesmo caminho. A partir desta segunda-feira, o país passou a permitir encontros com até mil pessoas e reduziu a distância física mínima entre indivíduos de dois metros para um metro e meio. Uma precisão que apenas os suíços parecem capazes de observar. 

O relaxamento  também retira a limitação de horário de funcionamento para restaurantes, bares e clubes – que tinham que fechar até a meia-noite – e permite que os clientes consumam em pé nos estabelecimentos. Também não estão mais proibidas as competições de esportes com contato físico direto. O Campeonato Suíço de futebol já foi retomado na semana passada, após quase quatro meses de paralisação. Até o momento,  o país registra 31 mil contágios e cerca de 2 mil mortos por Covid-19. Resta saber ate quando a aposta no “novo normal” será mantida. 

(Com EFE e Reuters)

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