O procurador-geral dos Estados Unidos, Jeff Sessions, ameaçou hoje (8) os imigrantes dispostos a ingressar ilegalmente no seu país com a separação de suas famílias, ao reiterar o cumprimento da política de “tolerância zero” do governo de Donald Trump.
“Não queremos separar as famílias, mas não queremos que elas venham à fronteira ilegalmente”, afirmou o procurador-geral. “Se você cruzar a fronteira ilegalmente, vamos processá-lo. É simples assim”, completou, ao lado do chefe da polícia migratória ICE, Thomas Homan, em San Diego.
Na semana passada, uma centena de centro-americanos atravessou o México rumo aos Estados Unidos com o objetivo de pedir asilo. A mobilização foi muito criticada por Trump, que chegou ao poder com a promessa de deportar milhões de imigrantes ilegais e de construir um muro gigantesco na fronteira sul.
A separação de famílias é uma das principais preocupações desses migrantes que, em geral, se valem dos serviços de intermediários (os coiotes) para ingressar nos Estados Unidos. “Se você contrabandear estrangeiros ilegais por nossa fronteira, vamos processá-lo; se contrabandear uma criança, vamos processá-lo. E a criança será separada de você, conforme exigido pela lei”, disse o procurador-geral, em mensagem tanto aos coiotes como aos chefes de família.
“Os americanos têm razão, e é justo e decente que peçam isto, que queiram fronteiras mais seguras e um governo que saiba quem está aqui e quem não”, indicou. “Donald Trump se lançou à presidência com esse ideal, acreditamos que é um dos grandes motivos pelos quais ganhou”.
Sessions assegurou que aumentará o número de procuradores e juízes de migração para processar os casos de asilo. Os Estados Unidos “não podem acolher todo mundo da Terra que esteja em uma situação difícil”, indicou. “Queremos que todo mundo saiba que esta fronteira não está aberta. Não venha ilegalmente. Faça seu pedido, espere sua vez”, disse Sessions, cujo discurso foi brevemente interrompido por um manifestante.
“O que você faz é diabólico!”, gritou o homem, antes de ser abordado pela segurança.
O governo americano alertou para o aumento no número de detenções de imigrantes ilegais na fronteira: 90.033 entre janeiro e março de 2018, contra 62.525 no mesmo período de 2017.
Segundo o jornal The New York Times, ao menos 700 crianças foram separadas de seus familiares em postos de fronteira desde outubro de 2017, incluindo 100 com menos de quatro anos. O governo alega que a lei permite separar adultos de crianças quando não é possível confirmar a relação de parentesco ou se o menor está sob risco.
“É uma violação dos direitos humanos separar as famílias”, disse à AFP Enrique Morones, fundador da ONG Border Angels. “Sem dúvida o presidente é um racista que está causando terror”.
(Com AFP)