Exército da Coreia do Norte tem ‘baixas’ por explosões na divisa com Sul
Militares estavam colocando minas ao longo da zona desmilitarizada das Coreias; em incidente separado, Seul disparou tiros de advertência contra invasão
A imprensa da Coreia do Sul afirmou nesta terça-feira, 18, que soldados norte-coreanos sofreram “múltiplas baixas” devido à explosão de minas terrestres na fronteira altamente fortificada que separa a Coreia do Norte da sua vizinha. As explosões na chamada zona desmilitarizada (DMZ) ocorreram poucas horas antes do presidente russo, Vladimir Putin, visitar a capital norte-coreana, Pyongyang, pela primeira vez desde 2000.
A DMZ separa as duas Coreias desde a guerra de 1950-53, que terminou com um armistício, mas não com um tratado de paz. A faixa de terra de 4 quilômetros de largura está repleta de minas terrestres destinadas a manter longe as tropas inimigas, de forma a preservar o delicado equilíbrio ao longo da fronteira.
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A agência de notícias sul-coreana Yonhap referiu-se a “vítimas” causadas por explosões de minas terrestres, enquanto o portal de notícias NK News citou fontes militares ao dizer que vários soldados foram “mutilados ou mortos”. Os soldados norte-coreanos feridos estavam trabalhando na criação de “terras estéreis” e na colocação de minas adicionais ao longo da fronteira, segundo o Estado-Maior Conjunto da Coreia do Sul (JCS).
Controle interno
Em um incidente separado nesta terça-feira, cerca de 20 a 30 soldados norte-coreanos carregando ferramentas cruzaram brevemente a fronteira com a nação vizinha pela segunda vez em menos de duas semanas. No entanto, eles recuaram depois que os militares sul-coreanos dispararam tiros de advertência, disse o JCS, acrescentando que a breve incursão parecia ter sido acidental. O exército também transmitiu avisos através de alto-falantes instalados ao longo da fronteira.
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“As atividades da Coreia do Norte parecem ser uma medida para fortalecer o controle interno, como impedir que as tropas norte-coreanas e os norte-coreanos desertem para o Sul”, disse um funcionário do JCS à agência Yonhap, acrescentando que o governo de Kim Jong-un enviou dezenas de soldados nas últimas semanas para construir muros e reforçar estradas na divisa.
Região explosiva
Os dois incidentes ocorrem num momento de tensões crescentes entre Pyongyang e Seul.
Nas últimas semanas, a Coreia do Norte enviou mais de 1.000 balões transportando lixo e fezes para sua vizinha do Sul. Os ativistas sul-coreanos revidaram a ação, enviando pela fronteira panfletos anti-Coreia do Norte e pen drives cheios de canções de K-pop e programas da TV coreana (os famosos “doramas”).
Seul também suspendeu um acordo militar de 2018, cujo objetivo era reduzir tensões na fronteira, e retomou a prática de tocar música pop e transmissões de propaganda em alto-falantes instalados ao longo da fronteira de 250 quilômetros entre os países.