O ex-presidente tunisiano Zine El-Abidine Ben Ali, cuja deposição em 2011 na esteira de uma revolta desencadeou as revoluções da Primavera Árabe, morreu, aos 83 anos, durante exílio na Arábia Saudita, nesta quinta-feira, dias depois de uma eleição presidencial livre em sua terra natal.
O funeral acontecerá na sexta-feira também na Arábia Saudita, disse seu advogado, Mounir Ben Salha.
Ben Ali fugiu da Tunísia em janeiro de 2011, quando seus compatriotas – muitos deles revoltados depois que um vendedor de vegetais ateou fogo em si mesmo algumas semanas antes para protestar contra a polícia – se rebelaram contra seu governo opressivo, em uma revolução que inspirou outros levantes no Oriente Médio e levou a uma transição democrática no país.
“É o fim de ditadores como ele. Não podemos esquecer que ele destruiu nosso país… ele deu ordem para matar civis em protestos em 2011”, disse Imad Layouni, desempregado de 26 anos, em uma cafeteria de Túnis.
No domingo, eleitores tunisianos votaram em uma eleição que contou com candidatos de todos os lados do espectro político e que colocou dois nomes sem tradição política no segundo turno – algo impensável durante as duas décadas de Ben Ali no poder.
Mas, embora os tunisianos tenham tido uma marcha muito mais suave rumo à democracia do que a de cidadãos de outros países árabes que também se rebelaram em 2011, muitos deles estão em situação econômica pior do que na era Ben Ali.
Enquanto quase todos os candidatos da votação de domingo são defensores explícitos da revolução, um deles, Abir Moussi, fez campanha como apoiador do governo deposto de Ben Ali, recebendo 4% dos votos.
“É um sinal da intolerância no país, que afirma ser uma democracia, que ele tenha morrido na Arábia Saudita“, opinou Salwa Riahi, um médico de Túnis.
(Com Reuters)