Ex-chefe de inteligência atribui morte de Rabani a Karzai
Presidente afegão se tornou "pró-talibã", diz Amrulá Saleh
O recente assassinato do ex-presidente afegão Burhanudin Rabani no Afeganistão é resultado da vontade do chefe de estado, Hamid Karzai, de negociar a qualquer preço com os talibãs, denunciou nesta sexta-feira o ex-chefe dos serviços secretos do país. Amrulá Saleh, membro do Jamaat-e-Islami, partido de Rabani, também acusa o Paquistão de usar os talibãs para eliminar personalidades afegãs que lhe são hostis para, no futuro, influenciar politicamente o país.
“Se o assassinato de Rabani ocorreu tão facilmente, foi pela ‘vontade desesperada’ de Karzai de negociar com os rebeldes”, afirma Saleh, chefe dos serviços de inteligência entre 2004 e 2010. Rabani, encarregado por Karzai de estabelecer contato com os talibãs em 2010, foi assassinado por um suicida talibã.
Saleh pede à ONU a abertura de uma investigação sobre o assassinato, o que demonstrará, segundo ele, “a incopetência do governo, o grau de envolvimento do Paquistão e a culpabilidade dos talibãs”. “Todos os ataques contra personalidades levam a marca de fábrica do inimigo, e os inimigos são os talibãs, a Al Qaeda e o Paquistão. O cérebro de todos esses ataques se encontra no Paquistão”, afirma.
“E se os paquistaneses tiverem êxito, estarão em posição de força nas potenciais negociações de paz futuras no Afeganistão”, prevê Saleh. “Essa campanha dos talibãs não deve ser subestimada”, afirma, criticando a “teoria atual de que poderia haver talibãs moderados, talibãs com os quais se pode discutir”. “Que eu saiba, só existe um tipo de talibãs, os extremistas”, diz.
Saleh não se opõe a negociações, sempre que estas incluam “as aspirações das forças antitalibãs”. Segundo ele, Karzai “se tornou um pró-talibã” e fragilizou o Parlamento.
(Com agência France-Presse)