Ex-advogado de Trump admite ter difamado funcionárias eleitorais
Declaração complica ainda mais a vida do ex-presidente dos EUA, cada vez mais enroscado na Justiça
O antigo advogado do ex-presidente americano Donald Trump, Rudy Giuliani, admitiu nesta quarta-feira, 26, ter feito declarações difamatórias sobre as funcionárias eleitorais na Geórgia, nos Estados Unidos, na tentativa de resolver um processo contra si no estado. A declaração complica ainda mais a vida de Trump, cada vez mais enroscado na Justiça.
Na noite de terça-feira 25, o ex-prefeito de Nova York não contestou as acusações das funcionárias eleitorais Ruby Freeman e Shaye Moss, que acusam o político e o canal conservador One America News Network (OAN) de disseminar mentiras de que elas manipularam votos na eleição que deu a vitória ao atual presidente americano, Joe Biden.
Em 2020, o republicano acusou a dupla, mãe e filha, ambas negras, de tirarem votos de malas após a contagem terminar no condado de Fulton, onde fica Atlanta, a maior cidade do estado. De acordo com o advogado trumpista, mãe e filha também teriam passado pen drives como “frascos de heroína ou cocaína” enquanto faziam a contagem eleitoral.
Giuliani quer, contudo, deixar claro que declarações sobre fraude eleitoral na Geórgia nas eleições de 2020 não faziam parte de um discurso planejado – e também se recusa a admitir que a difamação causou danos a Moss ou Freeman.
No início deste mês, após ignorar todos os contatos da Justiça para fornecer informações, ele foi advertido a contribuir com o caso por uma juíza, sob a ameaça de sanções severas. Na próxima semana, os advogados de Moss e Freeman devem responder no tribunal às últimas declarações de Giuliani, mas já chamaram as concessões de um “marco importante” no caso.
A juíza federal, Beryl A. Howell, do Tribunal Distrital de Washington D.C., ainda deve examinar os autos do ex-advogado, que também tentam fornecer explicações sobre por que ele não forneceu seus registros com mais detalhes.
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Além disso, o ex-advogado de Trump enfrenta processos de cassação no estado de Nova York e Washington, D.C., por falsas alegações de fraude eleitoral que ele apresentou no tribunal em nome do ex-presidente, sem verificar sua veracidade.
Giuliani deixou claro as concessões se aplicam apenas ao caso de difamação. Ele afirmou que “não contesta” que fez afirmações falsas.
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As mulheres pedem uma compensação monetária de valor desconhecido, afirmando que os comentários públicos que Giuliani fez sobre elas causaram danos emocionais severos e as puseram em perigo. O republicano já havia sido previamente forçado a pagar US$ 89,2 mil (R$ 422,5 mil) para a dupla após os advogados da dupla precisarem forçá-lo a responder parte das demandas por evidências no caso.
O caso é um dos vários envolvendo difamação, que buscam responsabilizar figuras públicas por suas declarações contestando o resultado do pleito de 2020. Em abril, a Fox News pagou mais de US$ 787 milhões (R$ 3,73 bilhões) para a fabricante de urnas eletrônicas Dominion Voting Systems, que acusava a emissora do bilionário Rupert Murdoch de transmitir “rumores falsos e maliciosos” durante a corrida à Casa Branca.
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Enquanto isso, as ações do próprio Trump contra o sistema eleitoral são alvo de uma investigação, e indícios apontam que o ex-presidente pode em breve se tornar réu mais uma vez. Seria o quarto indiciamento contra ele neste ano, além do caso envolvendo o desvio de documentos secretos da Casa Branca para sua residência pessoal, as acusações envolvendo pagamentos irregulares a uma atriz pornô e uma condenação por agressão sexual.