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Europeus se opõem à reimposição de sanções na ONU contra o Irã

Alemanha, França e Reino Unido contrariam EUA e defendem a manutenção do acordo nuclear, mas cobram maior cooperação de Teerã

Por Da Redação
19 jun 2020, 16h40
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  • Alemanha, França e Reino Unido, os países europeus signatários do acordo nuclear com o Irã, afirmaram nesta sexta-feira, 19, que não irão apoiar a tentativa unilateral dos Estados Unidos de reimpor as sanções do Conselho de Segurança da ONU ao país asiático e demonstraram seu comprometimento em honrar o compromisso. No entanto, o grupo de países conhecido como E3, endureceu a postura e pediu para que Teerã volte a cumprir com as cláusulas do texto.

    O acordo de 2015 prevê a retirada progressiva de sanções contra o Irã, enquanto o país se compromete a não desenvolver uma arma nuclear. A última restrição será levantada em outubro, que é o o embargo do Conselho de Segurança que proíbe os iranianos de adquirir armas no mercado internacional.

    Apesar de terem saído unilateralmente do acordo em 2018, Washington ameaçou ativar um mecanismo do acordo que prevê a volta das sanções do Conselho de Segurança se os países não estenderem o prazo do embargo.

    Acreditamos firmemente que qualquer tentativa unilateral de acionar o mecanismo das sanções da ONU teria sérias consequências adversas no Conselho de Segurança da ONU”, afirmaram os três ministros de Relações Exteriores em nota. “Nós não apoiaríamos tal decisão, que é incompatível com os nossos esforços de preservar o JCPOA (o acordo nuclear com o Irã), concluíram.

    Os ministros europeus disseram que vão realizar uma reunião ministerial com o Irã para pedir que o país volte a cumprir com as cláusulas do acordo.

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    “Nós nos mantemos comprometidos com o JCPOA e, em ordem de preservá-lo, pedirmos ao Irã que reverta todas as medidas inconsistentes com o acordo e que retorne ao total comprometimento, sem demora”, afirmaram.

    No Twitter, o ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zariff, disse que “O E3 deve parar de tentar salvar sua reputação para reunir a coragem de admitir publicamente o que já admitem em particular: seu fracasso em cumprir com JCPOA devido à total impotência em resistir ao bullying dos Estados Unidos”. “Alemanha, França e Reino Unido são “assessórios” do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e do primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, afirma.

    Caso complicado

    Trump sempre alegou que o acordo nuclear com o Irã – inimigo de longa data de Washington – era o pior acordo já feito na história. Em 2018, Trump resolveu sair unilateralmente do texto e reimpor as sanções de antes de 2015. Em março de 2019, o americano impôs novas sanções sob a campanha de “pressão máxima” contra Teerã alegando que o país estava desenvolvendo a bomba nuclear.

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    O Irã protestou. Nos meses seguintes, houve diversos ataques a instalações petrolíferas da Arábia Saudita e em navios petroleiros, todos atribuídos aos iranianos, que negam a autoria.

    O Irã sempre alegou estar cumprindo com o acordo, e tinha o respaldo da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), braço da ONU que monitora o desenvolvimento nuclear no mundo. Contudo, com a imposição das novas sanções, os iranianos começaram a se retirar progressivamente do acordo devido à violação unilateral americana. Os países do E3 se mantiveram comprometidos e criaram um mecanismo de comércio com o Irã, ao mesmo tempo em que tentam diminuir a tensão entre Washington e Teerã.

    Por meio de milícias armadas no Iraque, a Guarda Revolucionária Iraniana atacou bases americanas com foguetes e promoveram protestos na embaixada dos Estados Unidos em Bagdá. Como resposta, Trump autorizou o assassinato de Qasem Soleimani, principal general do Irã. Em retaliação, Teerã lançou dezenas de mísseis contra os soldados americanos estacionados no Iraque. O conflito matou centenas de civis, após um avião comercial ter sido abatido por engano pelo Exército iraniano.

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    Com o tempo se esgotando e as tensões longe de diminuírem, Teerã não conta mais com o respaldo da AEIA. Nesta sexta-feira, a agência acusou o Irã de impedir a entrada de agentes para inspeções em instalações nucleares.

    Uma resolução, adotada em uma votação convocada após a China manifestar sua oposição, aumentou a pressão sobre o Irã para permitir que inspetores entrem nos locais mencionados em dois relatórios da agência por ainda poderem hospedar material nuclear não declarado ou vestígios dele.

    O texto da resolução submetida por França, Reino Unido e Alemanha afirma que o conselho “pede ao Irã que coopere totalmente com a agência e atenda às solicitações da agência sem mais delongas, inclusive fornecendo acesso imediato aos locais especificados pela agência.”

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    A AIEA suspeita que atividades possivelmente relacionadas ao desenvolvimento de armas nucleares foram realizadas no início dos anos 2000 nesses locais. O Irã sugeriu que a agência está buscando acesso com base nas informações israelenses, que considera inadmissíveis, e reitera que o arquivo da AIEA sobre suas atividades anteriores foi fechado.

    “Acho que o pronunciamento foi claro”, disse Rafael Grossi, chefe da AIEA. “Pretendo me reunir com o Irã muito em breve e tentar resolver isso o mais rápido possível. Começo com o embaixador aqui e depois veremos”, acrescentou.

    (Com Reuters)

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