A União Europeia cobrou neste sábado do governo Russo uma investigação completa, rápida e transparente sobre a morte de Boris Nemtsov, notório político anti-Putin assassinado na sexta-feira. Recentemente, ele havia revelado preocupação de que o presidente ordenasse sua morte devido às críticas ao envolvimento no conflito na Ucrânia. O primeiro-ministro britânico David Cameron, o presidente francês François Hollande e a chanceler alemã Angela Merkel também emitiram comunicados em que condenam a morte do opositor russo e cobram a solução do caso.
A chefe da diplomacia da UE, Federica Mogherini, manifestou a indignação do bloco ante o assassinato de Nemtsov e destacou que ele foi morto pouco antes de uma manifestação que organizava para o dia 1º de março contra os efeitos da crise econômica e o conflito na Ucrânia. “A União Europeia espera que as autoridades russas realizem uma investigação completa, rápida e transparente” para “levar rapidamente os culpados à Justiça”, acrescentou a diplomata italiana.
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Cameron afirmou que o assassinato deve ser investigado “rapidamente e de maneira transparente” para que os responsáveis respondam na Justiça. “Boris Nemtsov está morto, mas os valores que defendeu nunca morrerão”, acrescentou o premiê. “Sua vida foi dedicada a falar incansavelmente a favor do povo russo, em exigir seu direito à democracia e à liberdade sob o Estado de direito, e em pôr fim à corrupção. Fez isso sem temor e nunca cedeu à intimidação”, continuou. “A coragem da vida de Nemtsov contrasta com a total covardia de seu assassino. Envio minhas condolências à família e aos amigos de Boris Nemtsov. O povo russo fica privado de um campeão de seus direitos”, completou.
Merkel também exigiu neste sábado do presidente russo Vladimir Putin que garanta uma investigação independente e com consequências legais aos assassinos. Já o presidente francês, François Hollande, se referiu ao crime como “odioso” e qualificou Nemtsov como “valente defensor da democracia” em seu país.
Nemtsov foi atingido pelas costas por uma pessoa que estava em um carro que fugiu do local, informou a agência Interfax. O atirador disparou quatro vezes contra a vítima, que caminhava perto do Kremlin, acompanhado por uma mulher. O político de 55 anos foi vice-primeiro-ministro na administração de Boris Ieltsin nos anos 1990. Atualmente, ele era deputado pela região de Yaroslavl e copresidia o partido liberal RPR. “Que um líder da oposição possa ser baleado sob os muros do Kremlin é algo que está além da imaginação. Só pode haver uma versão para isso: ele foi morto por dizer a verdade”, disse a jornalistas outro líder opositor, Mikhail Kasyanov, em declaração reproduzida pela agência Reuters.
Já nas primeiras horas de sábado, pelo horário local, Putin condenou o assassinato, segundo informação divulgada pela emissora estatal Russia Today. O autocrata determinou que a investigação será comandada pelas agências de segurança. Ele acrescentou que o assassinato teria sido encomendado como uma “provocação” na véspera de um grande protesto contra a crise na Ucrânia, onde separatistas apoiados por Moscou têm dominado parte do território.
Em 2012, Nemtsov divulgou um relatório sobre a vida nababesca do presidente russo. O documento listava os itens luxuosos à disposição de Putin: vinte palácios e mansões, 58 aviões e helicópteros e quatro barcos. A VEJA, o opositor disse ter começado a fazer o levantamento ao perceber, em fotos de jornal, que Putin troca de relógio de luxo como quem troca de meia. “Na Rússia, o relógio é um dos maiores símbolos de status masculino. Trata-se de uma herança dos tempos soviéticos, quando esse acessório era o único que a elite nacional podia ostentar”.
(Da redação)