O governo dos Estados Unidos encontrou na pandemia do coronavírus um suporte para alavancar suas políticas restritivas de imigração, interrompendo o fluxo de trabalhadores estrangeiros e dificultando as solicitações de refúgio. Na noite da quarta-feira 10, os departamentos de Justiça e de Segurança Interna apresentaram um plano substituto às regras de “emergência” adotadas durante a crise do coronavírus, que permitiria à administração excluir os refugiados unilateralmente.
Quando as fronteiras, fechadas para controlar a propagação da Covid-19, forem reabertas, o governo de Donald Trump pretende elevar os padrões para aceitar os pedidos de refúgio. O plano também permitira que o governo recusasse os pedidos antes mesmo de uma audiência judicial, segundo o jornal americano The New York Times.
Refugiados precisarão se desdobrar para serem considerados perseguidos em seus países de origem. Segundo o Times, quem afirma ser alvo de gangues ou membros do governo provavelmente será recusado, assim como quem busca proteção com base em seu gênero.
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Clique e AssineA proposta, que fica aberta por 30 dias a comentários, daria a juízes americanos ampla autoridade para classificar pedidos de asilo como “frívolos”, impedindo refugiados de buscar outras formas de ajuda imigratória nos Estados Unidos.
As novas regras deverão passar a valer depois que as normas da pandemia forem suspensas. No mês passado, o governo estendeu um bloqueio de fronteira que impediu a entrada de dezenas de milhares de refugiados pela fronteira sudoeste. O Departamento de Segurança Interna disse que a pandemia “expulsou” mais de 20.000 imigrantes mexicanos que não conseguiram fornecer o devido processo legal.
Em abril, Trump emitiu uma ordem executiva suspendendo temporariamente a emissão de green cards para pessoas de fora dos Estados Unidos. Além disso, o presidente pretende limitar certos vistos emitidos a imigrantes que procuram trabalho temporário no país.
Na quinta-feira 11, a secretária de Educação, Betsy DeVos, já proibiu faculdades de conceder bolsas de auxílio da pandemia aos estudantes estrangeiros sem documentos, incluindo pessoas protegidas pelo programa Ação Diferida para Chegada da Infância (que permite permanência ilegal no país a pessoas que foram trazidas pelos pais quando crianças). O governo também está examinando restrições aos vistos H-1B, para trabalhadores qualificados.
A Casa Branca disse que essas medidas são necessárias para conservar empregos americanos, especialmente após a pandemia deixar mais de 36 milhões de desempregados – apesar de estudos mostrarem que imigrantes reforçam a economia, segundo o Times.