A nova estratégia de segurança nacional (NSS) dos Estados Unidos publicada recentemente alertou que o país deverá combater duas principais potências nucleares pela primeira vez. Os arsenais da Rússia e da China são citados no documento como desafios à ordem internacional dentro de uma década.
No texto, o presidente Joe Biden descreve a Rússia como a ameaça mais imediata e perturbadora, apontando para sua postura nuclear sobre a Ucrânia. Ele alerta que o perigo pode crescer à medida que as forças russas continuam sofrendo derrotas no campo de batalha.
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“Os militares da Rússia terão sido enfraquecidos, o que provavelmente aumentará a dependência de Moscou nas armas nucleares em seu planejamento militar”, diz o plano de estratégia. Sua publicação foi agendada na primavera, mas foi adiada devido à eclosão do conflito em Kiev.
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Vladimir Putin ameaçou usar “todos os meios” para defender o território russo, no qual ele incluiu a Crimeia, anexado em 2014, e quatro regiões ucranianas que ele agora afirma. O NSS promete que o apoio à resistência ucraniana não seria afetado por tais ameaças.
“Os Estados Unidos não permitirão que a Rússia, nem qualquer poder, atinja seus objetivos através do uso ou ameaça de usar armas nucleares”, diz o documento.
A expansão do estoque nuclear chinês também é mencionado como motivo de preocupação para Washington a longo prazo.
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“A República Popular da China abriga a intenção e, cada vez mais, a capacidade de remodelar a ordem internacional em favor de uma que inclina o campo de jogo global em seu benefício, mesmo quando os Estados Unidos permanecem comprometidos em gerenciar a concorrência entre nossos países de forma responsável”, alega a diretriz.
A China possui cerca de 350 ogivas nucleares, de acordo com uma avaliação da Federação de Cientistas Americanos. No entanto, o Pentágono acredita que a força chinesa crescerá para mais de 1.000 ogivas até 2030, tornando Pequim a terceira grande potência nuclear.
O estoque da Rússia conta com 5.977 armas nucleares contra 5.428 dos Estados Unidos.
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Sob o último acordo restante de controle de armas em vigor, o novo tratado de Start, os Estados Unidos e a Rússia concordaram com um teto de 1.550 ogivas estratégicas implantadas, referindo-se àquelas ogivas montadas em terra ou mísseis lançados no mar.
De acordo com Daryl Kimball, chefe da Associação de Controle de Armas, a nova estratégia de segurança dos Estados Unidos poderia anunciar uma revisão do tamanho do arsenal do país.
“Eles estão basicamente analisando questões e perguntas que podem levar a um aumento de armas nucleares”, disse Kimball ao jornal britânico The Guardian.
Contudo, o pesquisador defendeu que mesmo que a China tenha o dobro do número de armamento, é preciso reduzir o arsenal estadunidense.
“O que temos é excessivo de qualquer cálculo razoável do que é preciso para impedir um ataque nuclear “, avaliou.