Os Estados Unidos sancionaram nesta quinta-feira 25 três enteados do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, e o empresário colombiano Alex Saab por supostamente terem orquestrado “uma rede de corrupção” em um programa de assistência alimentar do governo.
As medidas se somam à bateria de sanções que Washington já adotou nos últimos dois anos. O governo americano considera o mandato de Maduro ilegítimo e reconhece o opositor Juan Guaidó como presidente interino.
“Enquanto os enteados de Maduro e outros delinquentes usam o programa de assistência alimentar para roubar centenas de milhões de dólares, muitos venezuelanos comem apenas uma ou duas vezes por dia, com poucas proteínas e vitaminas”, disse o secretário americano de Estado, Mike Pompeo.
Os enteados de Maduro sancionados são Walter, Yosser e Yoswal Flores, conhecidos como “Los Chamos”. Eles são filhos de Cilia Flores, mulher do governante.
O Departamento do Tesouro afirma que o empresário colombiano Alex Saab se aproveitou de contratos superfaturados ligados aos Comitês Locais de Abastecimento e Produção (CLAP), em um golpe que incluiu Walter, Yosser e Yoswal, empresas de vários países e operações ilegais com ouro na Venezuela.
“Utilizam os alimentos como uma forma de controle social, para recompensar seus partidários políticos e punir os opositores”, denunciou o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin.
O governo da Venezuela criou em 2016 um programa de alimentos subsidiados para os mais pobres, organizado por Saab. O Clap tinha 16,3 milhões de beneficiários em 2018, segundo um estudo das principais universidades do país.
De acordo com o governo de Maduro, o programa ajuda mais de 6 milhões de pessoas, mas a Assembleia Nacional – parlamento liderado pela oposição ao presidente – alega que esse plano provocou milionárias perdas patrimoniais devido a sobrecustos e corrupção.
“Com o conhecimento de Maduro, Saab obteve ganhos substanciais e importou apenas uma fração dos alimentos necessários para o programa Clap”, destacou o Tesouro americano.
Os Estados Unidos acreditam que o empresário supostamente pagou propinas aos enteados de Maduro para que eles o colocassem em contato com o próprio governante e com o vice-presidente econômico e ministro da Indústria da Venezuela, Tareck el Aissami, sancionado em fevereiro de 2017 por narcotráfico.
Os envolvidos terão todos os seus ativos e bens bloqueados que estejam direta ou indiretamente sob a jurisdição dos Estados Unidos, e não poderão participar de qualquer transação envolvendo indivíduos ou entidades americanas.
O Departamento do Tesouro também sancionou hoje 13 empresas, algumas delas propriedade de Saab e de seus sócios, e que a partir de agora também terão congelados seus ativos sob jurisdição americana.
Um funcionário do governo americano afirmou, sob condição de anonimato, que Saab está “escondido” na Venezuela, mas que a Interpol já emitiu uma “circular azul”, destinada a localizá-lo, identificá-lo e obter informações para a abertura de uma investigação criminal.
(Com AFP e EFE)