O secretário de Estado americano, Mike Pompeo, disse nesta quarta-feira, 6, que o governo dos Estados Unidos usará “todas as ferramentas” disponíveis para garantir o retorno dos americanos detidos na Venezuela por envolvimento na suposta tentativa de invasão ao país sul-americano. O ditador venezuelano, Nicolás Maduro, anunciou na segunda-feira 4 que ambos estão entre os ‘“mercenários terroristas” presos no início da semana durante uma conspiração para matá-lo.
“Nós vamos começar o processo para, se de fato houver americanos [detidos na Venezuela], descobrir uma maneira de solucionar com a situação”, disse Pompeo. “Queremos trazer todos americanos de volta. Se o regime de Maduro decidir segurá-los, usaremos todas as ferramentas disponíveis para tentar recuperá-los”, acrescentou.
Segundo o anúncio de Maduro na segunda-feira 4, pelo menos três americanos fizeram parte de um grupo “mercenários terroristas” que tentaram entrar na Venezuela no domingo 3, valendo-se de lanchas vindas da vizinha Colômbia.
O ditador apresentou em um pronunciamento oficial no Palácio de Miraflores, residência do chefe de Estado, os supostos passaportes, dentre outros documentos, de dois cidadãos americanos, Luke Denman e Airan Berry, que teriam sido detidos por envolvimento no episódio. Treze ‘mercenários’, dentre um total estimado pelo governo venezuelano em mais de 55, foram presos até então.
![Personal documents are shown by Venezuela’s President Nicolas Maduro during a virtual news conference in Caracas](https://veja.abril.com.br/wp-content/uploads/2020/05/2020-05-06t191639z_869252728_rc27jg93iiw5_rtrmadp_3_venezuela-politics.jpg?quality=70&strip=info&w=300)
Além de Denman, de 34 anos, e de Berry, de 41, outro americano estaria envolvido com os “mercenários”, Jordan Goudreau, proprietário de uma empresa de segurança no estado americano da Flórida. Goudreau teria treinado os “mercenários” para a suposta invasão, segundo a versão oficial do regime. Todos os três homens são ex-membros das forças de operações especiais dos Estados Unidos.
Goudreau publicou nas redes sociais no final de semana um vídeo dizendo que havia ajudado a organizar uma tentativa de golpe na Venezuela e lamentou não ter conseguido participar da ação. “Não houve envolvimento direto do governo dos Estados Unidos nesta operação. [Se] estivéssemos envolvidos, [o resultado] teria sido diferente”, respondeu Pompeo nesta quarta-feira.
O presidente americano, Donald Trump, já havia desmentido Maduro na terça-feira 5. “Nada a ver com o nosso governo”, declarou.
Liberação de presos políticos
Ainda nesta quarta-feira, as autoridades venezuelanas liberaram pelo menos 23 detentos do regime fechado, dentre eles alguns considerados pela oposição e por organizações de defesa dos direitos humanos como “presos políticos”.
Gonzalo Himiob, ativista da organização não-governamental Foro Penal, publicou em seu perfil no Twitter um vídeo da liberação dos detentos.
Os “presos políticos” Roque González, Ramón Zapata e Jorge Luis Pérez Izarsa, detidos há mais de um ano, estão entre os detentos liberados. A lista dos beneficiados, segundo Himiob, envolvem também “presos comuns”.
O governo venezuelano não explicou o motivo da liberação dos detentos. O jornal argentino Clarín associa o episódio a medidas adotadas em outros países sul-americanos, como o Chile, para impedir surtos da Covid-19 em prisões.
Há mais de 357 casos confirmados e pelo menos 10 mortes em toda a Venezuela, segundo o regime, que assegura não haver enfermos nas prisões. Os números oficiais, porém, são questionados por especialistas locais do setor de saúde.
A liberação dos presos também ocorre menos de uma semana após uma rebelião em um presídio próximo à capital, Caracas, deixar ao menos 46 mortos e 50 feridos.
(Com Reuters)