Os Estados Unidos rejeitaram o convite da Rússia para participar das negociações de paz para o Afeganistão. O governo de Vladimir Putin havia programado as primeiras conversas para setembro, em Moscou, segundo a agência de notícias Associated Press.
A Rússia confirmou que o Talibã participará dos debates marcados para 4 de setembro, ao lado de representantes de diversas nações vizinhas ao Afeganistão. Este deve ser um dos principais eventos diplomáticos com a participação do grupo insurgente desde a invasão americana ao país em 2001.
O governo afegão também rejeitou o convite russo para participar das conversas. Segundo o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Sibghat Ahmadi, as autoridades locais acreditam que qualquer processo de paz no país deve ser conduzido pelo próprio Afeganistão para ter legitimidade.
À agencia AP, um porta-voz do Departamento de Estado americano afirmou que os Estados Unidos rejeitaram participar do debate por uma questão de princípios. Levando em consideração as reuniões anteriores sobre o Afeganistão, conduzidas pela Rússia, é improvável que as conversas de paz em Moscou “produzam qualquer progresso nesse sentido”, disse a fonte.
O Talibã não se incomodou com a recusa de Washington e de Cabul. “A recusa de Cabul e dos Estados Unidos em comparecer à reunião de Moscou não têm importância para nós. Vamos participar”, disse o porta-voz do grupo, Zabihullah Mujahid, à AP.
As conversas de paz acontecerão exatamente quando o Talibã tem aumentado a frequência de ataques contra alvos no Afeganistão. O grupo recusou realizar conversas diretas com Cabul, apesar de desejar aumentar seu poder diplomático e político na região.
Os talibãs ainda não responderam à oferta do presidente afegão Ashraf Ghani de realizar um cessar-fogo durante o feriado religioso de Eid al-Adha, que começou na terça-feira (21).
O secretário de Estado dos Estados Unidos, Mike Pompeo, pretende nomear o ex-embaixador dos Estados Unidos no Afeganistão, Zalmay Khalilzad, para um posto especial de liderança no processo de paz entre as autoridades locais e o Talibã.