O governo dos Estados Unidos conseguirá reunir apenas 56 das 102 crianças com menos de cinco anos de idade a seus pais ou responsáveis na terça-feira (10), quando termina o prazo fixado pela Justiça Federal. De acordo com o Departamento de Justiça, duas já foram entregues a seus pais e outras 54 terão essa possibilidade amanhã.
No mês passado o juiz federal Dana Sabraw, de San Diego, ordenou que o governo reunisse as mais de duas mil crianças separadas de seus pais pelas autoridades na fronteira com o México. A separação das crianças dos adultos, presos e processados por imigração ilegal, obedecia a política de Donald Trump de “tolerância zero”, em vigor desde o início de maio.
Sabraw fixou o dia 10 de julho como prazo limite para a reunião de crianças com menos de 5 anos de idade e seus pais. Para as crianças maiores, o prazo vai até até 26 de julho. Desde maio, parte das crianças detidas foi encaminhada para centros improvisados, na região de fronteira, onde chegaram a ser abrigadas em jaulas. Outra parte foi encaminhada para abrigos espalhados pelo país.
“Este é um progresso real, e estou otimista com a união de muitas dessas famílias amanhã. E, então, eles [as autoridades americanas] terão uma compreensão muito clara sobre quem não foi reunido a suas famílias, por que e quando isso pode acontecer”, disse o juiz em uma audiência pública nesta segunda.
Em comunicado divulgado no domingo (8), a União Americana pelas Liberdades Civis (ACLU), autora da ação civil que levou à ordem de Sabraw, avisou que dificilmente o governo conseguiria cumprir a tarefa no prazo. “Estes garotos já sofreram muito por causa desta política, e cada dia que continuam distantes só aumenta o sofrimento delas”, disse Lee Gelernt, advogado da ACLU, por meio de comunicado.
Segundo a rede de televisão CNN, o Departamento de Justiça divulgou uma detalhada lista das 102 crianças menores de cinco anos identificadas como separadas de seus pais ou responsáveis na fronteira. Dessa lista, 54 será reunificada amanhã. Seus pais serão liberados da prisão para reencontrarem-se com elas. Duas outras já estão com suas famílias. Mais quatro podem ser entregues a tutores em vez de familiares, por razões não especificadas.
A lista traz a possibilidade de reunião nos próximos dias de mais cinco crianças, cujos pais continuarão presos nos próximos dias enquanto se completam as checagens dos laços familiares. O caso se complica para as últimas 37 crianças.
Desse grupo, segundo o Departamento de Justiça, seis não estão cobertas pela ordem do juiz porque seus pais têm ficha criminal nos Estados Unidos ou porque os adultos que as acompanhavam na fronteira não eram seus pais. No caso de uma das 37 crianças, não há informação sobre a identidade de seus pais.
Também estão nesse grupo problemático nove crianças cujos país foram deportados dos Estados Unidos e outras nove cujos pais foram liberados da prisão, mas estão em local desconhecido do país. Os pais de 12 crianças estão presos em penitenciárias estaduais ou federais.
A ACLU, porém, acredita haver mais 10 crianças menores de cinco anos que não constam da lista do Departamento de Justiça.
Uma autoridade do governo disse que a gestão de Trump vem trabalhando para reunir as famílias e de proporcionar segurança para as crianças. “Os resultados desse trabalho têm sido altamente promissores, e o Departamento de Justiça anseia em apresentar seus progressos à corte na segunda-feira e assinalar um caminho adiante para reunificar outras famílias prontamente e com segurança”, afirmou.
(Com Reuters)