Os estudantes chilenos abandonaram nesta quarta-feira a mesa de negociações com o governo que pretendia acabar com um conflito que se arrasta por cinco meses, e prometeram ocupar as ruas de Santiago já nesta quinta-feira.
“Acreditamos que sob estas condições é impossível dar continuidade a esta mesa de trabalho” com o governo, disse Camila Vallejo, uma das principais dirigentes do movimento estudantil, ao final de uma reunião de quase quatro horas com o ministro da Educação, Felipe Bulnes.
“Hoje decidimos quebrar a mesa. Reafirmamos a convocação de uma passeata para amanhã”, declarou o representante dos estudantes secundaristas, Rodrigo Rivera, que havia abandonado a reunião antes do final.
O encontro tinha como tema central a gratuidade do ensino chileno, inexistente hoje no nível universitário, ao qual apenas 40% dos estudantes têm acesso. A questão é uma das principais bandeiras do movimento estudantil.
O ministro Bulnes reafirmou durante a reunião a disposição do governo de entregar bolsas de estudo aos mais pobres e de melhorar as condições do crédito estudantil.
“Depois de horas de diálogo com estudantes e professores não conseguimos obter maiores progressos. Acreditamos que é preciso dar passos importantes para chegar à gratuidade para os estudantes que venham de famílias menos favorecidas (…) mas não acreditamos em uma política educacional que dê gratuidade aos ricos”, destacou Bulnes.
Durante cinco meses de protestos, os estudantes chilenos realizaram grandes passeatas, ocuparam colégios e universidades, e enfrentaram a polícia.