Condenado por dois assassinatos e três tentativas de homicídio, o ex-enfermeiro alemão Niels Högel confessou nesta terça-feira (30) ser culpado pela morte de quase 100 pacientes. Hogel, de 41 anos de idade, é considerado o maior assassino em série da história criminal da Alemanha desde a II Guerra Mundial.
Em audiência para um novo julgamento, o acusado respondeu “sim” quando questionado pelo juiz Sebastian Buehrmannse se era considerava culpado pelas novas imputações feitas pela promotoria. Em seguida, surpreendendo os presentes, ele confessou: “Tudo que eu confessei é verdade”. O ex-enfermeiro costumava injetar drogas em pacientes para causar parada cardíaca. Depois, tentava ressuscitá-los, sem sucesso na maior parte das vezes.
O atual julgamento diz respeito às mortes de 36 pessoas em Oldeburg e de 64 outras do município vizinho de Delmenhorst. Os assassinatos ocorreram entre 2000 e 2005 nos hospitais dessas cidades. Segundo os investigadores, o número de mortos pode ser superior a 200, mas há dificuldades de reunir provas porque muitas vítimas foram cremadas.
O neto de uma delas, Christian Marbach, afirmou à que os assassinatos deveriam ter sido notados. “Todos os elementos estavam lá. Não era preciso ser um Sherlock Holmes”, afirmou, referindo-se ao célebre personagem do escritor Arthur Conan Doyle.
“Queremos que ele receba a sentença que merece”, disse Frank Brinkers, cujo pai morreu por uma overdose supostamente provocada por Hoegel. “Quando este julgamento acabar, queremos deixar essa história toda no passado.”
O assassino só foi descoberto em 2005, quando surpreendido por uma companheira de trabalho enquanto envenenava um paciente.
Högel justifica seus crimes explicando que se drogava com analgésicos para lidar com a pressão do trabalho em uma UTI. “Foi o stress. Com as drogas, parecia mais fácil”, disse, acrescentando que “esse trabalho não era para ele”.
De acordo com a promotoria, a razão para os crimes estava no seu desejo de brilhar na frente dos colegas, mostrando suas habilidades de reanimação de pacientes, e no “tédio”. O exame psiquiátrico ao qual foi submetido revelou distúrbios narcísicos e pânico da morte.
Até agora, Niels Högel nunca expressou verdadeiro remorso. De acordo com seus colegas da prisão, ele se gaba de ser o maior criminoso desde a última guerra.
As pessoas presentes na audiência fizeram um minuto de silêncio em memória das vítimas e, diante do depoimento de Högel, permaneceram caladas.
(Com AFP e Reuters)