O embaixador do Reino Unido em Teerã, Robert Macaire, negou neste domingo, 12, ter participado de um protesto contra o governo iraniano. Ele foi brevemente detenção no dia anterior pelas forças de segurança do Irã sob a acusação de estar presente na manifestação que pedia a renúncia do aiatolá Ali Khamenei, líder supremo do país.
“Posso confirmar que não participei de nenhuma manifestação. Fui a um evento anunciado como uma vigília para as vítimas da tragédia (do voo) #PS752”, disse o diplomata em uma mensagem no Twitter, referindo-se ao avião ucraniano abatido por engano pelo Irã com 176 pessoas a bordo.
O episódio abre um novo atrito internacional do Irã, desta vez com uma das potências que ainda se mantém no acordo nuclear de 2015 – o mesmo rejeitado em 2018 pelos Estados Unidos. O ministro das Relações Exteriores britânico, Dominc Raab, denunciou no sábado 11 que a prisão do embaixador “sem razão e sem explicação é uma flagrante violação do direito internacional”. De fato, a Convenção de Viena sobre as Relações Diplomáticas veta esse tipo de atitude.
Raab ainda disse que o Irã caminha para se tornar uma “nação pária” por suas ações recentes. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, não se intiminou e convocou o embaixador britânico a dar explicações – o primeiro ato da insatisfação de um dos lados em uma relacão bilateral entre nações.
Antes de apresentar-se à chancelaria iraniana, Macaire havia explicado ser “normal querer prestar homenagem” às vítimas, já que entre os passageiros falecidos havia três cidadãos britânicos. “Saí depois de cinco minutos, quando alguns começaram a cantar palavras de ordens”, disse o embaixador britânico.
Ontem, centenas de pessoas se reuniram na porta da Universidade de Tecnologia Amir Kabir para acender velas em homenagem às vítimas, mas a vigília logo resultou em um protesto contra as autoridades iranianas.
A polícia acabou dispersando a multidão, que gritava palavras de ordens como “a renúncia (dos responsáveis) não é suficiente, um julgamento é necessário” ou “morte ao ditador”, em referência a Khamenei.
Nesse contexto, Macaire foi preso “meia hora depois de deixar a área”, conforme relatou, lembrando que a prisão de diplomatas é “ilegal em todos os países”.
A mídia oficial iraniana acusou o embaixador de coordenar os protestos e indicou que ele será convocado pela chancelaria iraniana, que disse que está aguardando o relatório da polícia.
(Com EFE)