O ex-chefe do Estado-Maior do Egito, Sami Anan, foi preso nesta terça-feira após anunciar sua candidatura à Presidência do país na última sexta-feira, denunciaram seus assessores de campanha.
As Forças Armadas egípcias acusaram Anan de ter cometido várias “irregularidades” no anúncio da sua candidatura às eleições presidenciais, previstas para março.
Em um comunicado oficial, a cúpula militar afirmou que o ex-general comunicou suas intenções de concorrer sem a permissão prévia do Exército. Também acusaram Anan de ter realizado uma “incitação para criar disputas” entre as Forças Armadas e o povo egípcio no discurso em que formalizou sua candidatura na sexta-feira passada.
O ex-chefe do Estado-Maior também foi acusado de cometer um “delito de falsificação em papéis oficiais” para poder apresentar-se às eleições. As forças armadas concluíram seu comunicado assegurando que tomarão todas “as medidas legais contra as irregularidades e delitos” de Anan, que lhe “obrigam a comparecer perante os corpos de investigação competente”.
Após o anúncio das forças armadas egípcias, o porta-voz de Anan, Mahmoud Refaat, anunciou em uma mensagem no Twitter a detenção do ex-chefe do Estado-Maior. “Grande povo egípcio, o general Sami Anan foi detido por ordem do (presidente Abdul Fatah) Al Sisi e seu grupo”, afirmou Refaat.
O comitê de campanha de Anan determinou, por meio de um comunicado, a “suspensão” da campanha até novo aviso “pelo interesse da segurança de todos os cidadãos que têm necessidade de uma mudança”.
Anan, “número dois” da junta militar que governou o Egito após a queda do presidente Hosni Mubarak em fevereiro de 2011, expressou seu desejo de concorrer às eleições no último final de semana, para desbancar do cargo o atual presidente, o ex-marechal Al Sisi. Ele é o segundo ex-militar que mostra sua intenção de concorrer nos pleitos do próximo mês de março.
Antes dele, o ex-primeiro ministro Ahmed Shafiq anunciou seu desejo de participar nas eleições, ainda que várias semanas depois tenha recuado ao assegurar que não se considerava a “pessoa ideal” para governar o país. Pessoas próximas a Shafiq denunciaram, no entanto, que o ex-primeiro-ministro foi pressionado para se retirar da disputa.
Anan foi afastado do seu cargo como chefe de Estado-Maior em agosto de 2012 e renunciou ao seu posto de conselheiro presidencial em julho de 2013, dois dias antes do golpe de Estado que derrubou Mursi. Esse golpe devolveu o poder politico aos militares, que governavam o país desde 1952–com a breve exceção dos 12 meses da presidência de Mursi.