Ao menos 36 pessoas, incluindo dez jornalistas, morreram em dois atentados suicidas nesta segunda-feira em Cabul, capital do Afeganistão. O segundo ataque foi dirigido especificamente contra a imprensa que havia se dirigido para o local do primeiro atentado.
O grupo extremista Estado Islâmico (EI) reivindicou os ataques. Em um comunicado divulgado por sua agência de propaganda Amaq, o grupo afirma que o primeiro atentado atingiu a sede em Cabul do serviço de inteligência e das forças de segurança afegãs e o segundo os jornalistas que seguiram para o local.
“Os apóstatas das forças de segurança, dos meios de comunicação e outras pessoas compareceram ao local da operação, onde um irmão os surpreendeu com seu colete de explosivos”, completou o braço do EI no Afeganistão. O comunicado identifica o primeiro homem-bomba como Kaaka al-Kurdi, o que sugere que era de origem curda, e o segundo como Khalil al Qurashi.
O ministério do Interior divulgou um balanço de 36 mortos e 49 feridos. A agência EFE divulgou que o número de jornalistas mortos foi de nove, porém o porta-voz do ministério. Najib Danish, confirmou até o momento a morte de seis jornais e quatro policiais.
Entre os jornalistas mortos está, Shah Marai, diretor do departamento de fotografia do escritório da agência AFP em Cabul, que seguiu para o local da primeira explosão e morreu na segunda detonação, que aconteceu 30 minutos após o ataque inicial.
Marai trabalhava desde 1996 para a AFP e cobriu amplamente a situação no país sob o regime talibã e a invasão americana do Afeganistão em 2001, posterior aos atentados da Al-Qaeda em Nova York e Washington.
“Minhas melhores recordações são as de quando eu supero a concorrência com as melhores fotografias do presidente ou de outra pessoa, ou da cena de um ataque. Gosto de ser o primeiro”, declarou Shah Marai sobre seu trabalho.
Um repórter da rede britânica BBC, Ahmad Shah, também foi morto a tiros em um episódio separado nesta segunda-feira, na província de Khost, próximo à fronteira com o Paquistão.
Os demais jornalistas mortos trabalhavam para canais de televisão afegãos, um deles para a emissora Tolo News, que em 2016 foi alvo de um atentado que deixou sete mortos e foi reivindicado pelos talibãs. A Tolo News confirmou a morte de Yar Mohammad Tokhi. A Radio Free Europa confirmou a morte de Abadullah Hananzai, Maharram Durrani e Sabawoon Kakar. A 1TV do Afeganistão confirmou a morte de seu repórter Ghazi Rasooli e câmera Ali Rajabi.
De acordo com uma fonte das forças de segurança, o homem-bomba que atacou a imprensa estava disfarçado como um fotógrafo.
Onze crianças mortas em ataque a comboio da Otan
No mesmo dia, pelo menos onze crianças morreram e outras dezessete pessoas ficaram feridas, entre elas cinco soldados romenos da Otan, em um ataque suicida nesta segunda-feira contra um comboio das forças aliadas na província de Kandahar, no sul do Afeganistão.
Um suicida detonou um carro-bomba contra um comboio de militares romenos da Otan quando passava perto de uma mesquita, provocando uma potente explosão que derrubou um muro que cercava o pátio do recinto religioso, disse à Agência Efe o porta-voz da Polícia provincial, Matiullah Helal.
As crianças, que estavam no pátio da mesquita, morreram ao serem atingidas pelos estilhaços e esmagados pelos escombros do muro destruído pela explosão, que aconteceu no distrito de Daman por volta das 10h30 (horário local, 3h em Brasília), acrescentou o porta-voz.
Outras doze pessoas, entre elas mulheres e crianças, ficaram feridas no ataque e foram levadas a hospitais da região. Helal afirmou que cinco militares romenos ficaram também feridos.
O porta-voz das forças aliadas no Afeganistão Robert Kearley disse que a missão está o par das informações que estão sendo divulgadas pelos veículos de imprensa e estão investigando o sucedido.
No ano passado, 861 crianças morreram e 2.318 ficaram feridas como consequência do conflito no Afeganistão, segundo dados da Missão de Assistência das Nações Unidas no país asiático (Unama).
Em janeiro de 2015, a Otan finalizou sua missão de combate no Afeganistão e a substituiu por uma de treino e assessoria às tropas afegãs, que atualmente conta com cerca de 14.000 soldados.
(Com EFE e AFP)