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Duda vence na Polônia, mas disputará segundo turno com liberal de direita

Atual presidente obteve 43,7% dos votos e Rafal Trzaskowski, atual prefeito de Varsóvia, recebeu 30,3%; segundo turno está marcado para 12 de julho

Por Ricardo Ferraz Atualizado em 29 jun 2020, 12h04 - Publicado em 29 jun 2020, 11h29
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  • O atual presidente da Polônia, o conservador Andrzej Duda, venceu o primeiro turno da eleição, ocorrida no último domingo, 28, e enfrentará o candidato liberal, Rafal Trzaskowski, no segundo turno, previsto para 12 de julho.

    Os resultados parciais foram anunciados nesta segunda-feira, 29, pela Comissão Eleitoral do país. Com, 99,78% das urnas apuradas, Duda obteve 43,7% dos votos. Trzaskowski, atual prefeito de Varsóvia, recebeu 30,3% dos votos. O candidato independente, Rafal Holownia, conquistou 13,9% dos votos. Os outros oito candidatos somados não superaram 10% dos votos.

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    A taxa de participação na eleição, tradicionalmente baixa na Polônia, foi de apenas 64,4%, segundo a comissão. Esse ano, porém um novo elemento contribuiu para que as pessoas ficassem em casa: a pandemia do coronavírus, que já havia obrigado as autoridades a adiarem o pleito de maio para junho.

    Um dos principais temas da campanha foi o temor dos poloneses de uma recessão, a primeira no país desde o fim do comunismo, devido à pandemia.

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    A vitória parcial de Duda foi uma boa notícia para o presidente da extrema direita, já que ficou acima do previsto pelas pesquisas – o instituto de estatísticas Europe Elects apontava uma vitória por 40% -, mas Duda não contava com a disputa do segundo turno. Antes dos adiamento das eleições, ele liderava as pesquisas e tinha boas chances de se reeleger na primeira disputa. Agora, o candidato deve intensificar o discurso voltado às famílias, que inclui ataques à homossexuais e a manutenção de valores conservadores. A Polônia é o país com mais católicos em todo mundo, proporcionalmente, em relação ao tamanho da população.

    Já o liberal de centro-direita Trzaskowski, que dobrou as intenções de voto em apenas 45 dias, deve manter o discurso de recuperação da economia pós pandemia.

    Mas as eleições trazem um elemento a mais para a comunidade europeia: a grande dúvida é se o partido de Duda, o Lei e Justiça (PiS) vai continuar no poder. A legenda é presidida por Jaroslaw Kaczynski, apontado como sendo o grande líder por trás do atual presidente. Durante os cinco anos de Duda no poder, o partido ganhou apoio popular ao criar o programa Family 500+, espécie de Bolsa Família polonês, que dá às famílias de baixa renda 500 złotys (526 reais), para cada criança, abaixo dos 18 anos de idade.

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    Mas Duda também adotou medidas que atacam as instituições democráticas. O sistema de Justiça foi reformado, com o partido limitando a ação do judiciário, empossando juízes conservadores e criando dispositivos para aplacar a atuação de magistrados independentes. Duda ainda proibiu aulas de educação sexual nas escolas, por considerar que elas atentavam contra os valores da família, e promoveu ataques deliberados à comunidade LGBT – a tal ponto de quase um terço dos municípios se declararem “áreas livres de gays”, na Polônia.

    Em resposta, a União Europeia chegou a acionar o procedimento para a execução do Artigo 7° do Tratado de Lisboa, que pode resultar na perda do poder de voto no conselho do bloco. Nunca esse dispositivo havia sido utilizado antes. O processo, porém, não seguiu em frente, pois exigia uma votação unânime dos membros do bloco e os populistas poloneses contam com o apoio do governo do autocrata de extrema direita, Viktor Orbán, na Hungria.

    Diante do contexto, o partido de Trzaskowski, o Plataforma Cívica, se tornou uma opção para que a União Européia retome um alinhamento com a Polônia. Resta saber se ele terá força para promover uma virada no país.

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