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Divididos, colombianos escolhem presidente hoje

Iván Duque, de direita, e Gustavo Petro, da esquerda, têm apenas cinco pontos porcentuais de diferença; acordo do governo com as Farc polariza os debates

Por Denise Chrispim Marin Atualizado em 17 jun 2018, 08h00 - Publicado em 17 jun 2018, 08h00

Os colombianos voltam neste domingo (17) às urnas para escolher seu novo presidente, em um segundo turno marcado pela herança de 50 anos de combates às guerrilhas, que deixou um total de 8 vítimas, e pela sombra do acordo de paz firmado pelo governo de Juan Manuel Santos com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc), em 2016.

O economista Gustavo Petro, candidato de esquerda e ex-guerrilheiro, disputa hoje com  Iván Duque, representante da direita e afilhado do ex-presidente Álvaro Uribe (2002-2010). Entre ambos estão apenas cinco pontos porcentuais de diferença.

Pesquisa do Centro Estratégico Latinoamericano de Geopolítica (CELAG) realizada entre os dias 29 de maio e 6 de junho com 2.063 pessoas entrevistadas, mostra uma eleição altamente polarizada e competitiva. Duque está na frente, com 45,5% das intenções de voto. Petro aparece com 40%. Mas, assim como no primeiro turno, a abstenção deverá ser elevada, de 46% dos eleitores.

As feridas da guerra contra as guerrilhas e do acordo com as Farc, agora transformadas no partido político Força Alternativa Revolucionária do Comum, estiveram no centro das campanhas. A maioria dos colombianos pode desfrutar de relativa paz, mas se sente afrontada pelo fato de ex-guerrilheiros culpados por crimes graves possam agora se eleger para o Congresso e pela violência continuada no interior.

Milhares de ex-combatentes continuam no limbo, sem acesso a programas mais efetivos de reintegração. Muitos deles se voltam para gangues armadas e do narcotráfico no interior do país. Mais de 7 milhões de colombianos deslocados pelos conflitos seguem sem condições para retornar a seus lugares de origem.

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“O novo presidente da Colômbia enfrentará a decisão de implementar ou não o acordo”, disse à AFP Cristian Rojas, diretor do Programa de Ciência Política da Universidade de La Sabana.

Contudo, os pontos estruturais do pacto dificilmente poderão ser alterados. O partido de Duque, Centro Democrático, prometeurasgar o pacto, por considerar que garante “impunidade” aos responsáveis por crimes graves. Mas hoje o candidato fala apenas em reforma do texto. Petro acentua a adoção do acordo, sobretudo as medidas sociais que o governo de Santos não conseguiu implementar com sucesso.

Para Yann Basset, diretor do Observatório de Representação Política da Universidade do Rosario, um possível mandato de Duque “seria problemático” para promover as mudanças “estruturais” acordadas, que incluem reformas eleitorais e agrárias para combater a desigualdade.

Corrupção e pobreza

Corrupção, pobreza e desigualdade social são outros temas de fundo no país. O governo Santos conseguiu reduzir a pobreza de 37,2% para 26,9%, entre 2010 e 2017. A extrema pobreza caiu de 12,3% para 7,4%. Mas cerca de 13 milhões dos 46,8 milhões de colombianos continuavam a viver na pobreza, segundo dados oficiais, e a alimentar a criminalidade.

A luta contra a desigualdade é uma das bandeiras de Petro, ex-prefeito de Bogotá que conseguiu até o momento um desempenho notável. Para o especialista Basset, a ascensão da esquerda, visível nas eleições legislativas de março, deve-se ao fato de “a guerrilha, hoje em dia, não provocar mais tanto medo”. As Farc tiveram 0,5% do total dos votos parlamentares, embora o pacto lhes garanta dez assentos.

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A Colômbia ocupa o 96º lugar no ranking de percepção de corrupção da Transparência International, que avalia regularmente 180 países. Além das irregularidades na entrega de licitações públicas, o país também foi abalado pelo esquema de corrupção da empreiteira brasileira Odebrecht.

A empresa reconheceu ter entregado 11,1 milhões de dólares em propinas na Colômbia. Mas Promotoria colombiana avalia que esse valor tenha alcançado mais de 27,7 milhões.  Nas eleições, “também há um clima de descontentamento com a classe política, com muitos problemas de corrupção nos últimos dois anos”, disse Basset.

Mas a corrupção não está apenas ligada ao Estado. Desde os anos 1980, a Colômbia está no radar mundial do narcotráfico. Apesar dos grandes esforços contra o tráfico de drogas, o país continua a ser o maior produtor mundial de cocaína, arduamente disputado pelos dissidentes das Farc, por gangues criminosas e pelo Exército de Libertação Nacional (ELN), o último grupo rebelde em ação.

Para o analista Juan Cárdenas, o próximo presidente terá um “desafio muito forte” relacionado ao controle territorial. Para isso, o Estado deve recuperar o monopólio da força e ter uma “presença institucional” em um país de geografia complexa, acrescentou.

(Com AFP)

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