Democratas da Câmara apresentam acusação contra Trump ao Senado
Julgamento só deve começar no dia 8 de fevereiro para dar mais tempo a Trump, para preparar defesa, e a Biden, para iniciar seu mandato
Os democratas da Câmara dos Deputados dos Estados Unidos apresentam ao Senado, nesta segunda-feira, 25, a acusação contra Donald Trump por “incitar insurreição” durante a invasão ao Capitólio, em Washington, poucos dias antes de sua saída da Casa Branca. O passo representa a abertura formal do segundo julgamento de impeachment contra o ex-presidente.
A presidente da Câmara, a democrata Nancy Pelosi, disse que a acusação será entregue às 19h locais (21h de Brasília). Contudo, o processo no Senado só terá início na semana do dia 8 de fevereiro, porque democratas e republicanos concordaram em dar mais tempo a Trump para preparar sua defesa, enquanto o recém-empossado presidente Joe Biden confirma os membros do seu gabinete na casa legislativa.
Segundo impeachment
Trump já havia sido indiciado por “abuso de poder” e “obstrução ao Congresso” em 2019, devido a uma suposta campanha de pressão sobre a Ucrânia para prejudicar o então possível adversário eleitoral Biden. Ele foi absolvido em fevereiro de 2020 pelo Senado, cuja maioria ainda era republicana.
Com a nova acusação dos deputados acerca dos eventos do dia 6 de janeiro, quando uma multidão pró-Trump atacou o Congresso americano durante a certificação da vitória de Biden, ele se tornou o primeiro presidente dos Estados Unidos a enfrentar o processo de impeachment em duas ocasiões.
Contudo, uma condenação no Senado parece improvável neste momento, já que o magnata do mercado imobiliário, ainda muito popular entre seus eleitores, ainda tem apoiadores importantes na Câmara Alta.
Racha no Partido Republicano
A composição do Senado é extremamente polarizada, já que atualmente há 50 senadores republicanos e 50 democratas (dando controle ao Partido Democrata, por desempate da vice-presidente Kamala Harris). Só que uma votação de impeachment requer que dois terços da casa votem pela condenação, o que significa que ao menos 17 republicanos teriam que votar contra seu partido.
“Acho esse julgamento estúpido. Acho que vai ser contraproducente”, afirmou o senador republicano Marco Rubio. “O país já está pegando fogo, é como jogar gasolina”, acrescentou.
Outros membros da legenda esperam bloquear completamente a realização do julgamento, declarando que é inconstitucional julgar um ex-presidente.
Segundo o jornal americano The New York Times, há cerca de 12 republicanos que podem ser favoráveis à condenação. Na Câmara, 10 membros do Partido Republicano votaram junto aos democratas.
Fora isso, o futuro judicial do ex-presidente continua complicado, com vários processos civis e criminais contra ele iniciados em todo o país. Mas a Suprema Corte iluminou seu horizonte nesta segunda-feira: encerrou as investigações relacionadas às receitas de origem estrangeira de seus grandes hotéis.
(Com AFP)