O Airshow China 2024, maior evento de tecnologia de aeronaves do país, transformou a cidade de Zhuhai em um palco para exibir o impressionante avanço do governo de Xi Jinping em poder militar. A feira, que se estendeu por seis dias na semana passada, destacou uma série de novos sistemas de armas de última geração, num sinal das ambições de Pequim de rivalizar com as capacidades militares dos Estados Unidos.
O Airshow China atraiu cerca de 600 mil visitantes e gerou mais de 280 bilhões de yuans (aproximadamente R$ 190 bilhões) em negócios. Mais do que um espetáculo para o público, o evento se consolidou como uma vitrine estratégica para especialistas, o que criou uma oportunidade única para avaliar as capacidades militares da China e seu progresso na corrida armamentista global. Muitas das novas armas chinesas foram projetadas para igualar ou até superar as americanas, com o objetivo de reforçar a presença militar da China na Ásia.
Entre os principais novidades está o caça furtivo J-35A, projetado para competir com os F-35 de Washington. Após mais de uma década de desenvolvimento, o aguardado jato posiciona a China como a segunda nação, depois dos EUA, a operar dois tipos de caças furtivos. O J-35A é capaz de realizar missões de combate aéreo e ataques de precisão em alvos terrestres e marítimos, um avanço significativo na tecnologia militar chinesa.
Embora o J-35A compartilhe algumas semelhanças visuais com o F-35, a aeronave se diferencia por ser equipada com dois motores, em vez de um único turbofan, como é o caso do modelo americano. A novidade foi acompanhada pelo lançamento do sistema de mísseis terra-ar HQ-19, equivalente ao THAAD dos Estados Unidos.
O sistema, capaz de interceptar mísseis balísticos e veículos hipersônicos, evidencia a busca da China por um arsenal capaz de enfrentar cenários de guerra de alta complexidade. Especialistas militares chineses destacam que o HQ-19 tem a capacidade de interceptar mísseis balísticos fora da atmosfera, de forma a ampliar significativamente o alcance de interceptação de modelos anteriores, como o HQ-9.
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Destaque aos drones
O evento também apresentou, pela primeira vez, uma área dedicada exclusivamente a drones, reflexo do aumento da sua relevância nos campos de batalha. Os dispositivos são usados em peso na guerra na Ucrânia, tanto do lado de Moscou quanto de Kiev. A tecnologia permitiria, ainda, que fosse utilizada numa possível escalada contra Taiwan, ilha considerada pelo governo chinês como parte de seu território.
Um dos modelos exibidos, o drone “Jetank” é um veículo aéreo não tripulado que atua como uma “nave-mãe” no céu, capaz de transportar mísseis, bombas e lançar pequenos drones no campo de batalha. Com uma envergadura de 25 metros, o Jetank pode carregar até seis toneladas de carga útil, tornando-o uma das maiores armas do arsenal chinês.
Sistemas como o navio-drone “Orca”, uma embarcação furtiva capaz de realizar missões autônomas, também reforçaram a estratégia chinesa de expandir sua presença tanto no mar quanto no ar. Além disso, a crescente cooperação militar entre a China e a Rússia também foi destacada, com a estreia internacional do caça furtivo Su-57, da Força Aérea Russa, solidificando a parceria estratégica entre as duas potências.