Datas: Michael Collins e John C. Martin
Um piloto jamais esquecido e o químico que tem lugar na história da luta contra a aids
Ele era conhecido como “o astronauta esquecido”, por ter participado da aventura da Apollo 11, mas não ter posto os pés na Lua, como seus companheiros de viagem, Neil Armstrong e Edwin “Buzz” Aldrin. O epíteto não poderia ser mais injusto e inapropriado, pois Michael Collins, apesar de não ter descido no satélite natural da Terra naquele 20 de julho de 1969, foi imprescindível para o sucesso da missão.
Ao contrário das naves de hoje, a Apollo tinha um grau ínfimo de automação. Ela era composta de dois módulos — o de comando, que acomodava a tripulação, e o de pouso, usado para descer na superfície lunar. Sem a pilotagem segura de Collins no veículo de comando, batizado de Columbia, Armstrong e Aldrin teriam atingido seu objetivo, mas jamais voltariam para casa. Enquanto seus colegas fincavam bandeira e recolhiam rochas, o solitário piloto orbitava acima deles, checando os sistemas da nave ao mesmo tempo que admirava a Terra a 380 000 quilômetros de distância.
Tendo como alma mater a academia de West Point, renomada escola de formação de oficiais, Collins fez carreira como piloto de testes da Força Aérea, até ser aceito no projeto Gemini, que antecedeu o programa Apollo. Deixou a Nasa em 1970, foi funcionário do Departamento de Estado e, posteriormente, diretor do Museu Nacional de Ar e Espaço. Aposentado, fazia postagens no Facebook, especialmente em 22 de abril, Dia da Terra, lembrando a seus seguidores a importância de cuidar do único mundo conhecido capaz de acolher vida humana. Tendo viajado pelo espaço frio e inóspito, ele sabia do que estava falando. Morreu em 28 de abril, aos 90 anos, derrotado pelo câncer.
É tudo verdade
O filme Em Nome dos Pais, de Matheus Leitão, colunista do site de VEJA, foi selecionado entre os candidatos a melhor documentário do Grande Prêmio do Cinema Brasileiro. O resultado será anunciado em junho. O trabalho, produzido pela HBO, é um emocionado relato de Leitão em torno do passado de seus pais, os jornalistas Miriam Leitão e Marcelo Netto, perseguidos pela ditadura militar. Concorrem também, entre outros, Noites de Festival (Ricardo Calil e Renato Terra, GloboPlay) e Anitta: Made in Honório (Andrucha Waddington e Pedro Waddington, Netflix). O anúncio foi feito em 25 de abril.
Na luta contra a aids
O químico americano John C. Martin tem lugar de honra na história da contenção da epidemia de aids. Ele foi um dos responsáveis, no início dos anos 2000, pelo desenvolvimento de um medicamento — de nome comercial Truvada — que combina dois antirretrovirais cuja indicação é evitar a propagação do vírus em pessoas que acabaram de ser contaminadas. De eficácia comprovada, o Truvada chegou a mudar comportamentos, ao permitir que os infectados tivessem relacionamentos com outras pessoas. A droga fez da farmacêutica Gilead um colosso de 100 bilhões de dólares anuais de faturamento. Martin tinha 69 anos. Morreu em 30 de março, em Palo Alto, depois de bater a cabeça ao cair na rua.
Publicado em VEJA de 5 de maio de 2021, edição nº 2736