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Cuba abre as portas para investimento estrangeiro após 60 anos

A ilha enfrenta sua crise econômica mais grave em décadas. A política visa combater a escassez de bens básicos e a inflação descontrolada

Por Amanda Péchy
17 ago 2022, 09h59
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  • Cuba comunicou nesta quarta-feira, 17, que permitirá a entrada de investidores estrangeiros em seu comércio atacadista e varejista pela primeira vez em 60 anos.

    A medida é uma grande mudança para o governo comunista da ilha, e derruba uma política de Fidel Castro dos anos 1960 de nacionalizar o varejo.

    Mas Cuba enfrenta agora sua crise econômica mais grave em décadas, com preços em alta e amplo descontentamento público. A política visa combater a escassez de bens básicos, como alimentos e remédios – mas não chega a abrir totalmente o comércio.

    Autoridades do governo disseram que os investidores estrangeiros poderão ser proprietários totais ou parciais de atacadistas sediados em Cuba. Só que haverá intenso escrutínio aos investidores internacionais, segundo a ministra do Comércio Exterior, Betsy Díaz Velázquez, pois “um mercado estatal deve prevalecer”.

    O ministro da Economia, Alejandro Gil, disse que a medida vai permitir “ampliar e diversificar a oferta à população e contribuir para a recuperação da indústria nacional”.

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    Em 1969, Fidel Castro nacionalizou a indústria privada de atacado e varejo de Cuba. Agora, a nova lei de investimento estrangeiro reconhece que o governo centralizado do país não pode resolver sua escassez de bens essenciais sem financiamento do exterior.

    De acordo com a nova política, serão priorizados os negócios com sede em Cuba há vários anos. Autoridades do governo disseram que empresas que vendem tecnologias e equipamentos de energia verde, e possam aumentar a produção doméstica, serão priorizadas.

    O governo também acrescentou que, a princípio, não haverá concorrência de mercado.

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    A medida extraordinária é algo que os revolucionários linha-dura se opõem há anos – e seu sucesso ainda não está garantido. Mesmo se for implementada, o ambiente rigidamente controlado pelo Estado de Cuba não torna o país muito atraente para investidores.

    Panorama da crise

    A pandemia de coronavírus, os subsídios mais baixos da Venezuela e as rígidas restrições e sanções do ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, exacerbaram os problemas econômicos do país insular.

    Algumas lojas do país tiveram que racionar produtos, para acesso a itens essenciais para os consumidores, como óleo de cozinha.

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    Os altos preços e a escassez de alimentos e remédios levaram a protestos em toda a ilha. No entanto, como reuniões públicas não autorizadas são ilegais em Cuba, muitos foram presos como resultado.

    + Cuba: frangos para aplacar o povo e o balanço de um ano de repressão

    Em maio, os Estados Unidos concordaram em aliviar as sanções da era Trump. Sob as novas medidas aprovadas pelo governo do presidente Joe Biden, as restrições a viagens e a quantidade de dinheiro os residentes dos Estados Unidos podem enviar de volta para suas famílias em Cuba foram flexibilizadas.

    Na época, o ministro das Relações Exteriores de Cuba saudou o anúncio, dizendo que era “um pequeno passo na direção certa”.

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