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Criticado, Bolsonaro cita ‘busca incansável’ por desaparecidos na Amazônia

Fala segue pressão internacional e pedido do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos para que governo brasileiro 'redobre' esforços

Por Da Redação Atualizado em 10 jun 2022, 16h04 - Publicado em 10 jun 2022, 14h50

Em discurso na Cúpula das Américas nesta sexta-feira, 10, o presidente Jair Bolsonaro afirmou que o governo brasileiro segue em uma “busca incansável” pelo jornalista britânico Dom Phillips e pelo indigenista Bruno Pereira, desaparecidos desde o último domingo na Amazônia.

“Desde o último domingo, quando tivemos informação que dois cidadãos desapareceram na região do Vale do Javari, desde o primeiro momento, naquele mesmo domingo, nossas Forças Armadas e a Polícia Federal têm se destacado na busca incansável da localização dessas pessoas. Pedimos a Deus que sejam encontrados com vida”, disse Bolsonaro

O discurso também foi marcado por uma defesa à gestão do governo no âmbito ambiental. Segundo ele, o Brasil é um dos países “que mais preservam o meio ambiente e suas florestas”, e que “nenhum país do mundo possui uma legislação ambiental tão completa e restritiva como a nossa”.

Em novembro do ano passado, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais relatou que o desmatamento na Amazônia Legal teve aumento de 21,97% em relação ao ano anterior. Além disso, dados compilados pelo Inpe e divulgados pelo WWF-Brasil mostram que a ação do fogo ainda é preocupante em regiões do país como a Amazônia, o cerrado e o Pantanal. Isso se deve, segundo a organização não governamental, ao desmonte das políticas ambientais promovido pelo atual governo, que favoreceu também o desmatamento.

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Já a fala do presidente sobre os desaparecidos segue pressão internacional por maior empenho nas buscas. Mais cedo, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos pediu ao governo brasileiro que “redobre” esforços nas operações de buscas, depois de a porta-voz da agência, Ravina Shamdasani, criticar a demora para o início de operações.

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Na terça-feira, antes de viajar aos Estados Unidos, o presidente brasileiro afirmou que duas pessoas suspeitas de envolvimento no caso já haviam sido detidas. Sobre os desaparecidos, afirmou que “duas pessoas num barco, numa região daquela, completamente selvagem, é uma aventura que não é recomendável que se faça”.

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De acordo com a ONG WWF-Brasil, que diz se solidarizar com as famílias e amigos dos dois profissionais, ainda que se espere que o governo mobilize todos os recursos possíveis para localizá-los, não é isso o que se tem visto.

“A União dos Povos Indígenas do Vale do Javari (Univaja) e a Defensoria Pública da União (DPU) precisaram recorrer à Justiça federal pedindo que o governo promovesse maiores esforços para a localização dos dois, incluindo o uso de helicópteros para auxiliar nas buscas”, declarou a organização em nota. “O governo brasileiro demorou muito a agir, em um contexto no qual uma ação rápida é absolutamente imprescindível.”

Outras organizações, dedicadas à proteção da liberdade de expressão e de imprensa no Brasil, encaminharam na terça-feira um pedido de audiência com o governo brasileiro para debater o caso. Nomes como a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo e a Federação Nacional dos Jornalistas assinaram o documento.

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Dom Phillips é colaborador do jornal britânico The Guardian e estava escrevendo um livro com temática ambiental. Já Bruno Araújo Pereira, licenciado da Funai, foi coordenador regional da fundação em Atalaia do Norte por anos. Ele é um dos servidores com maior conhecimento sobre tribos indígenas isoladas.

Cúpula das Américas

O caso dos desaparecidos na Amazônia marcou a viagem do presidente aos Estados Unidos, inclusive com protestos em Los Angeles pedindo respostas. Ainda assim, o resultado do evento, sobretudo o encontro bilateral com o presidente americano, Joe Biden, é avaliado como positivo por integrantes da comitiva presidencial.

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A reunião de Bolsonaro com Biden, a primeira entre os líderes desde que o democrata foi eleito, em 2020, aconteceu na quinta-feira por volta das 20h, horário de Brasília, no pavilhão que sediou a nona edição da Cúpula das Américas. Sob um histórico tenso, no qual Brasil foi o penúltimo país a parabenizar o democrata pela vitória, Bolsonaro já vinha tentando suavizar o clima.

Na saída do hotel, poucas horas antes do encontro, chegou a afirmar que o ex-presidente Donald Trump é passado e que “o presidente agora é Biden”.

Durante abertura da reunião, Biden teceu elogios ao Brasil, citando justamente instituições eleitorais sólidas e dizendo que pretendia tratar de questões de interesse comum com Bolsonaro.

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“Nós temos de ajudar a recuperação econômica e também a preocupação climática. Vocês tentam proteger a Amazônia, acho que o resto do mundo deveria ajudar a financiar essa preservação. Isso é uma responsabilidade muito grande”, declarou. “Nós temos de conectar nossos povos e estou ansioso para saber o que você pensa sobre isso. Gostaria de ouvir sua opinião e também levantar algumas questões de interesse mútuo.”

Pouco depois, Bolsonaro falou brevemente, mas nenhum dos dois respondeu às perguntas e, em seguida, a conversa seguiu a portas fechadas, sem a presença da imprensa.

Sobre o tema ambiental, ponto de interesse do governo americano, o presidente brasileiro fez questão de afirmar que o Brasil é “um exemplo para o mundo na questão ambiental” e que o mundo “depende muito do Brasil” para sua sobrevivência.

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“Temos uma riqueza no coração do Brasil, a nossa Amazônia, que é maior que a Europa Ocidental. Por vezes nos sentimos ameaçados em nossa soberania naquela área, mas o Brasil preserva muito bem o seu território”, disse, apesar de críticas constantes de ambientalistas e dados recentes de desmatamento.

Pouco após a eleição do democrata, os dois haviam se desentendimento publicamente sobre o tema. Em meio às falas de Biden de que o Brasil pode sofrer consequências econômicas caso não atue de forma mais firme para combater as queimadas e o desmatamento na Amazônia, Bolsonaro afirmou que “apenas pela diplomacia” não é possível chegar a um consenso.

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