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Cristã paquistanesa condenada à morte se refugia no Canadá

O marido, filhas e até o advogado de Asia Bibi, presa por oito anos por uma suposta ofensa ao profeta Maomé, partem do Paquistão

Por Da Redação
Atualizado em 8 Maio 2019, 13h14 - Publicado em 8 Maio 2019, 12h53

Asia Bibi, uma cristã paquistanesa condenada à morte por blasfêmia, deixou o país natal e já está no Canadá, onde conseguiu o status de refugiada, informou nesta quarta-feira, 8, o advogado Saif UI Malook.

“Asia Bibi chegou ao Canadá ontem à noite. Deixou o Paquistão com o marido depois que o governo concedeu uma permissão de saída. Levou tempo, mas finalmente ela está a salvo, graças a Deus”, afirmou Malook, um dos responsáveis por sua defesa.

A cristã passou oito anos no corredor da morte antes de ser absolvida pela Suprema Corte do Paquistão, no último mês de outubro. Mãe de cinco filhos, ela foi denunciada em 2009 por supostamente ter insultado o profeta Maomé durante uma discussão com duas mulheres em Punjab, na fronteira com a Índia. 

Uma fonte do Ministério das Relações Exteriores paquistanesa, em condição de anonimato, afirmou que Asia Bibi é “uma cidadã livre que pode ir para onde quiser, deixando o país por vontade própria e com total apoio do governo.”

Bibi foi solta em 7 de novembro de 2018, mas até agora era mantida em um lugar “seguro”, segundo o governo. Apesar de ter autorização da Justiça, ainda não tinha sido liberada pelo governo para sair do país. Sua libertação provocou protestos violentos promovidos por grupos islâmicos radicais e a detenção de milhares de manifestantes.

“O governo disse que foi preciso tramitar alguns assuntos internos com os partidos religiosos e outros envolvidos, por isso demorou para que ela deixasse o país”, explicou um amigo da família, também pedindo sigilo de sua identidade.

O Canadá ofereceu asilo a Asia Bibi, ao marido dela, às filhas do casal e ao advogado Joseph Nadeem, líder da equipe de defesa da família desde a condenação em 2010 e alvo de ameaças de morte.

A rígida lei antiblasfêmia foi estabelecida na época em que o Paquistão era uma colônia britânica e voltou a valer no país nos anos 1980, implantada pelo ditador Mohammad Zia-ul-Haq sem aprovação parlamentar. A norma agrupa várias outras contidas no Código Penal inspiradas diretamente na Sharia, a lei religiosa muçulmana, para punir qualquer ofensa contra Alá, Maomé ou ao Corão.

Desde então, foram registradas mais de 1.000 acusações por blasfêmia, um crime que pode levar à pena de morte no país, embora nenhum condenado tenha sido executado até hoje.

De acordo com a decisão oficial da Suprema Corte sobre o caso de Asia Bibi, a acusação falhou em apresentar provas acima de qualquer suspeita. Na defesa da cristã, os advogados citaram extensivamente o Corão (o livro sagrado do islamismo) e outras escrituras muçulmanas, interpretando delas, entre outras coisas, que os não-muçulmanos deveriam ser tratados com gentileza.

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O Paquistão tem uma população de 180 milhões de habitantes, a grande maioria muçulmanos. Apenas 4 milhões de cristãos vivem no país.

Assassinatos

O caso de Asia Bibi provocou indignação internacional. No Paquistão, no entanto, motivou pelo menos dois assassinatos.

O ex-governador do Punjab paquistanês, Salman Tasir, foi morto em 2011 por defender publicamente a causa da cristã. Ele foi assassinado por um de seus guarda-costas, Mumtaz Qadri, que, por sua vez, foi executado em 2016 e enterrado depois como um herói.

A segunda morte foi a de um ministro cristão, Shahbaz Bhatti, assassinado a tiros na porta da sua casa, também em 2011, por defender a réu e opor-se à legislação sobre a blasfêmia.

Críticos à lei apontam que ela é usada para a vingança de problemas pessoais e para atacar comunidades minoritárias. O caso de Asia foi acompanhado internacionalmente ante a preocupação pelas minorias religiosas do país, que têm sido objeto de ataques extremistas nos últimos anos.

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(Com EFE)

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