Copenhague, 13 jan (EFE).- A Corte de Oslo decidiu nesta sexta-feira encomendar um novo relatório psiquiátrico do ultradireitista Anders Behring Breivik, autor confesso do duplo atentado de 22 de julho na Noruega, nos quais matou 77 pessoas.
O relatório anterior, divulgado há dois meses, concluía que Breivik sofria de ‘esquizofrenia paranoide’, o que segundo as leis norueguesas impediria que fosse sentenciado a uma pena de prisão, que seria substituída por uma hipotética condenação a tratamento psiquiátrico forçado.
As fortes reações provocadas pelo relatório e a opinião dissonante dos funcionários da prisão de Ila, onde Breivik está em prisão preventiva, foram os motivos expostos pela juíza Wenche Elizabeth Arntzen para justificar a elaboração do novo relatório por outros dois psiquiatras.
‘Os funcionários de Ila não observaram nenhum sinal de que seja psicótico. Também houve críticas públicas contra o relatório dos especialistas. A corte não pode avaliar as críticas, mas estas circunstâncias depõem a favor de uma nova investigação sobre o estado mental do acusado’, disse a juíza em entrevista coletiva.
Agnar Aspaas e Terje Tørrisen, dos hospitais de Tønsberg e Hamar, serão os psiquiatras encarregados de substituir Synne Sørheim e Torgeir Husby, que elaboraram o polêmico estudo inicial.
O relatório, de 243 páginas e resultado de 13 entrevistas de um total de 36 horas com Breivik, concluía que ele desenvolveu uma esquizofrenia paranoide durante um longo período, ‘que o transformou na pessoa que é agora’, e que vive ‘em seu universo próprio de delírios de grandeza’.
Quase um mês depois de ter sido divulgado, a Comissão de Medicina Legista norueguesa respaldou o estudo inicial, enquanto o psiquiatra que o examinou na prisão e outro grupo de especialistas concluíram por outro lado que não havia nenhum sinal de doença mental no ultradireitista.
Tanto a Promotoria como a defesa de Breivik se negaram a pedir um novo relatório, o que foi feito por alguns dos representantes dos sobreviventes e de familiares das vítimas, cuja reivindicação foi atendida nesta sexta pela Corte de Oslo.
Breivik havia afirmado a seus advogados há poucos dias que apesar de discordar do diagnóstico do relatório inicial se negaria a passar por novos exames, embora os psiquiatras possam solicitar que o faça à força.
Aspaas e Tørrisen disseram à corte que entregarão seu estudo antes do início do julgamento contra Breivik, marcado para o próximo dia 16 de abril. EFE