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COP27: Internet no Egito bloqueia sites de direitos humanos

Governo egípcio segue no esforço de impedir que críticos ao regime recebam atenção durante a conferência

Por Matheus Deccache 7 nov 2022, 17h26

Participantes da Conferência das Nações Unidas para as Mudanças Climáticas, a COP27, no Egito, descobriram que a conexão à internet do evento está bloqueando o acesso a organizações globais de direitos humanos, como a Human Rights Watch (HRW), e outros sites de notícias específicos. 

A HRW irá liderar um painel durante a conferência com a Anistia Internacional, outra organização de direitos humanos, cujo site está liberado no wi-fi local. A lista de sites bloqueados também inclui a plataforma de blogs Medium, a única agência de notícias independente do Egito, Mada Masr, e a agência de notícias Al Jazeera.

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“Há tantos sites bloqueados no Egito durante a COP27 que é difícil para nós trabalharmos. Não podemos usar nosso site porque o Medium está bloqueado. As agências de notícias às quais nos referimos estão bloqueadas. Não há ação climática sem verdade e informação”, disse a ativista líder da organização climática juvenil Earth Uprising, em sua conta no Twitter.

Tanto especialistas quanto participantes temem que os bloqueios possam ser uma ação deliberada do governo egípcio para silenciar as denúncias de violação dos direitos humanos que acontecem no país. 

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Empresas de telecomunicações suspenderam temporariamente a proibição de chamadas de voz via aplicativos, como o WhatsApp, durante a conferência, mas as autoridades locais criaram um sistema que bloqueia a conexão de internet para sites considerados críticos às autoridades egípcias, incluindo mídia independente e organizações de direitos humanos.

Grupos que defendem a liberdade dentro do meio digital documentaram como a tecnologia de inspeção profunda de pacotes fornecida pela empresa canadense Sandvine permite que as autoridades egípcias bloqueiem sites à vontade.

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“As autoridades egípcias bloquearam o acesso a cerca de 700 sites, incluindo meios de comunicação independentes e grupos da sociedade civil. Isso restringe severamente o acesso a informações que precisam ser discutidas, incluindo questões ambientais e de direitos humanos”, disse o diretor de meio ambiente da HRW, Richard Pearshouse.

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O número de sites bloqueados no Egito aumentou rapidamente desde que o governo começou a impedir o acesso a veículos independentes em 2017 e, desde 2013, ataques a jornalistas se tornaram frequentes em todo o país. Em setembro de 2020, a Rede Árabe de Informações sobre Direitos Humanos e a Mada Masr informaram que 628 sites foram bloqueados, incluindo 116 sites de notícias.

A Human Rights Watch já havia informado pouco antes do início da COP27 sobre a repressão do estado egípcio ao ativismo ambiental e à pesquisa independente, levando muitos ativistas ao exílio e restringindo o que os ativistas são capazes de fazer, temendo prisões e fechamentos de veículos.

Aplicativo oficial pode ser usado para vigilância

No último domingo, 6, dia oficial do início da Conferência, especialistas em segurança cibernética alertaram sobre a possibilidade do aplicativo oficial do evento estar sendo usado para monitorar críticos do regime egípcio, uma vez que requer foto, localização e até e-mail do usuário para entrar em funcionamento. 

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O aplicativo, que já foi baixado mais de cinco mil vezes, requer permissões abrangentes dos usuários no momento da instalação, o que abre margem para que ele seja utilizado para rastrear e assediar os críticos locais. Atualmente cerca de 65.000 pessoas estão presas no Egito acusadas de cometer crimes políticos e uma série de prisões foram realizadas no período que antecedeu a COP27, de modo a vetar e isolar quaisquer ativistas próximos às negociações.

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