Negociações entre Rússia e Ucrânia serão retomadas em formato presencial nesta semana em Istambul, Turquia, anunciou nesta segunda-feira, 28, o ministro das Relações Exteriores russo, Sergei Lavrov.
“As negociações estão em andamento, mas serão retomadas amanhã em Istambul presencialmente, após uma série de videoconferências”, disse o chanceler. “Estamos interessados que estas negociações tragam um resultado e que este resultado alcance nossos objetivos fundamentais”.
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A informação também foi divulgada pelo negociador ucraniano David Arakhamia, que afirmou que a rodada se dará entre os dias 28 e 30 de março. Em linha com a declaração de Lavrov, líder russo nas negociações, Vladimir Medinski, afirmou que as conversas aconteceriam na terça-feira e na quarta-feira.
As exigências de Moscou para encerrar a invasão ao país vizinho, que teve início em 24 de fevereiro, foram explicitadas recentemente quando o porta-voz Dmitry Peskov listou as condições para que a Rússia interrompa suas operações militaresna Ucrânia. Em entrevista à agência Reuters, Peskov disse que o Kremlin exige que Kiev encerre sua ação militar, mude sua Constituição para a neutralidade, de modo que o país garanta que jamais irá fazer parte da Otan ou da União Europeia, e reconheça a independência das regiões de Donetsk e Luhansk, além de enxergar a Crimeia como um território russo.
Moscou chama sua incursão de “operação militar especial” para desarmar a Ucrânia e desalojar líderes que chama de “neonazistas”. Kiev e seus aliados ocidentais dizem que se trata de um pretexto para uma guerra não provocada contra um país democrático de 44 milhões de pessoas.
No domingo, o presidente russo, Vladimir Putin, e o presidente turco, Tayyip Erdogan, concordaram em teleconferência em realizar as negociações em Istambul, com Ancara esperando que a rodada de conversas leve a um cessar-fogo na Ucrânia.
Apesar de aceitar o encontro, Putin vem reiteradamente acusando a Ucrânia de dificultar as negociações. Após encontro com o chanceler alemão, Olaf Scholz, o presidente russo afirmou que “Kiev está tentando de todas as formas possíveis atrasar o processo de negociação, apresentando propostas cada vez mais irreais”.
A Ucrânia, por sua vez, defende ser fundamental que o Kremlin aceite um cessar-fogo para que as negociações sigam adiante. A condição de Vladimir Putin para o cessar-fogo seria a aplicação do estatuto de neutralidade à nação ucraniana.
O acordo proposto por Putin envolveria Zelensky rejeitando a Otan e prometendo não hospedar bases militares estrangeiras ou armamento em troca de proteção de aliados como Estados Unidos, Reino Unido e Turquia.
Em entrevista por vídeo a jornalistas independentes russos, Zelensky reconheceu no último domingo, 27, que seu país está pronto para aceitar um status neutro como parte de um acordo de paz com a Rússia.
“Garantias de segurança e o status neutro e não nuclear de nosso estado. Estamos prontos para aceitar isso. Este é o ponto mais importante”, afirmou Zelensky, que acredita que este tema é o principal motivo da invasão russa, que já dura mais de um mês. “Este foi o primeiro ponto-chave para a Federação Russa, se bem me lembro. E pelo que me lembro, eles começaram a guerra por causa disso”.