Na matemática chavista implementada em janeiro, um voto no campo passou a não valer o mesmo que um voto na cidade. E é justamente nas áreas rurais que o ditador tem apoio
Publicidade
Em campanha, o caudilho da Venezuela cansou de dizer à oposição: “Vocês se retiraram na última hora em 2005. Se quiserem, façam a mesma coisa agora”. Mas não é com isso que conta o ditador Hugo Chávez. Ele já se precaveu contra um avanço da disputa democrática – redistribuiu os distritos eleitorais em oito dos 24 estados do país para favorecer seu partido na eleição legislativa do próximo domingo.
A jogada foi feita em janeiro. Chávez redesenhou as áreas eleitorais de maneira a dissolver os opositores e fortalecer o Partido Socialista Unificado da Venezuela (PSUV). A matemática chavista mandou que circunscrições onde a oposição tivesse uma pequena vantagem fossem unificadas com regiões vizinhas favoráveis a Chávez, onde o PSUV era favorito.
Já locais onde a vantagem da oposição era muito grande foram realinhados para reduzir o número de eleitos – neles, em vez de dois candidatos elegerem-se, apenas um sairá vencedor. Por fim, algumas áreas em que Chávez liderava foram dividas, para disseminar o número de vencedores.
O número de votos necessários para garantir a eleição de um representante também mudou. Um voto no campo não vale o mesmo que um voto na cidade: um candidato precisa de 20.000 votos para ser eleito no estado agrário de Amazonas e de 40.000 pra vencer no estado de Zulia, por exemplo. E é justamente nas áreas rurais que Chávez tem apoio mais consistente.
O ditador justificou as mudanças dizendo que a medida “aproxima o eleitor de seu domicílio eleitoral”. Em verdade, aproxima o eleitor do domicílio eleitoral onde há vantagem para o presidente. Mais de 17 milhões de venezuelanos elegerão 165 deputados que formarão uma Assembleia Nacional em um processo, mais uma vez, manipulado.