Com um em cada três moradores infectados, Londres declara emergência
Desde 30 de dezembro, número de pacientes com Covid-19 na capital aumentou 27%; previsão otimista projeta déficit de 2.000 leitos em 19 de janeiro
O prefeito de Londres, Sadiq Khan, comunicou nesta sexta-feira, 8, que o sistema hospitalar da capital britânica corre sério risco de superlotação devido ao aumento de casos do novo coronavírus. Khan emitiu uma declaração formal de “incidente grave” para acionar a ajuda de agências britânicas.
“Se não tomarmos medidas imediatas agora, nosso serviço nacional de saúde pode ficar saturado e mais pessoas morrerão”, afirmou em comunicado. A declaração é um requisito formal para obter uma resposta global de agências estatais.
Khan escreveu ao premiê Boris Johnson para pedir mais poderes, como o de fechar igrejas e exigir o uso de máscaras em locais lotados ao ar livre, como filas de supermercados. O jornal britânico The Guardian reporta que o prefeito também pediu por mais apoio financeiro a trabalhadores que não podem fazer home office, para que possam ficar em casa.
Segundo dados oficiais, mesmo se o número de pacientes com Covid-19 aumentar de acordo com as projeções mais otimistas, em 19 de janeiro haverá um déficit de 2.000 leitos de cuidados gerais e intensivos (UTI) nos hospitais de Londres, área mais atingida pelo vírus no Reino Unido durante o inverno boreal.
Entre 30 de dezembro e 6 de janeiro, o número de pacientes com coronavírus na capital aumentou 27%, e a quantidade de pessoas ligadas a ventiladores cresceu 42%. O número atual de pessoas hospitalizadas, 7.034, é 35% maior do que no início da pandemia, em abril. Além disso, o serviço de ambulâncias na cidade está recebendo até 8.000 chamadas de emergência por dia, 2.500 a mais que em um dia normal de trabalho.
O comunicado da prefeitura indica que o número de casos de coronavírus em Londres já supera os 1.000 a cada 100.000 habitantes (o Brasil inteiro, por sua vez, registra 3.801 casos a cada 100.000 habitantes, de acordo com levantamento do jornal The New York Times).
“Um em cada três londrinos agora tem Covid-19. Por isso, os serviços públicos de Londres pedem a todos que fiquem em casa, exceto para compras e atividades absolutamente essenciais”, disse Georgia Gould, presidente dos conselhos municipais de Londres.
Os 56 milhões de habitantes da Inglaterra entraram em um terceiro confinamento total na terça-feira 5, previsto até o fim de março. Escócia, País de Gales e Irlanda do Norte aplicaram medidas semelhantes de durações variadas.
A esperança da vacina
O governo de Boris Johnson, muito criticado pelo atraso em implementar o primeiro lockdown em março e por acelerar a reabertura de negócios não essenciais durante o verão europeu, agora centra sua estratégia no confinamento total e na aceleração da campanha de vacinação, iniciada em 8 de dezembro.
Em um mês, vacinou quase 1,5 milhão de pessoas com as vacinas desenvolvidas pela Pfizer/BioNTech e AstraZeneca/Oxford. Nesta sexta-feira, em adição aos dois imunizantes, o órgão regulador de medicamentos britânico aprovou o uso da candidata do laboratório americano Moderna.
O governo aumentou de 7 milhões para 17 milhões o número de doses solicitadas da nova vacina, que só estará disponível no país a partir do final de março.
Para tentar impedir casos importados da doença, o Reino Unido anunciou nesta sexta-feira que, a partir da próxima semana, todos os viajantes que chegarem na Inglaterra e na Escócia, incluindo os residentes, terão que apresentar um teste negativo de coronavírus realizado nas 72 horas anteriores, podendo ainda ter que passar por uma quarentena de 10 dias de acordo com seu país de origem, sob pena de multa de 678 dólares.
(Com AFP)