Com um clima considerado quente para o inverno europeu, diversos resorts foram forçados a abrir trilhas de verão ou fechar completamente suas pistas de esqui. Atualmente, grande parte da neve sazonal que cobre desde as regiões de Chamonix, na França, até Innsbruck, na Áustria, foi substituída por grama e lama.
A Europa está vivenciando condições climáticas inusitadas, e oitos países já registraram o dia mais quente de janeiro de suas histórias, com temperaturas acima de 20°C no sul da Suíça e da Alemanha. Além disso, 90 estações de monitoramento de temperatura na França também estabeleceram novos recordes neste ano.
De acordo com o Serviço Nacional de Clima da Suíça, o MeteoSwiss, o vento que tem origem no sudoeste combinado com o efeito Foehn, uma mudança de condições mais quentes e secas de um lado da montanha e frias e úmidas do outro, produz temperaturas no lado norte dos Alpes “dignas de junho”.
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O diretor-gerente da Domaines Skiables da França – o órgão nacional que representa os resorts de esqui –, afirmou à emissora americana CNN que mais da metade das 7.500 pistas de esqui do país estão fechadas por “falta de neve e muita chuva”.
As pistas localizadas em maior altitude, como o Val Thorens e Les Deux Alpes, continuam abertas para essa temporada de inverno. Porém, os resorts de esqui que ficam em baixas altitudes sofrem mais com a nova onda de calor.
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O representante do resort francês Axe 3 Domaines, Jaques Murat, disse à CNN que as condições pioraram em de dezembro, um dos períodos mais movimentados para o turismo de neve. Apesar da decisão de fechar as pistas ser difícil, a equipe não teve outra opção além de fechar as estações no fim daquele mês.
Para entreter os hóspedes, os hotéis começaram a oferecer outras alternativas para os esquiadores, abriram trilhas para caminhadas e ofereceram passeios de carruagem para as crianças. A 1.200 metros de altitude, o Combloux, em Haute-Savoie, fechou suas estações no dia 14 de dezembro. “Oferecemos pintura facial, patinetes, infláveis – tudo”, disse Aurélien Astre, do escritório de turismo regional.
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No entanto, mesmo que diversas pistas estejam fechadas momentaneamente, o resort suíço de Adelboden, que vai sediar neste fim de semana a Copa do Mundo de esqui, não cancelou o evento. De acordo com Adelboden, quase toda a corrida feita no clássico percurso de Chuenisbärgli será disputada em neve artificial. Mesmo a 2 mil metros de altura, as temperaturas continuam acima de zero.
“O clima está mudando, mas o que devemos fazer aqui? Vamos parar com a vida?” disse o diretor de Chuenisbärgli, Toni Hadi. “Tudo é difícil – não apenas preparar uma pista de esqui.”
Mesmo que nem todos os resorts sejam afetados pelo calor fora de época, especialistas alertam que as condições quentes e a falta de neve são um sinal de que o aquecimento global vai mudar radicalmente o turismo de neve.
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A neve artificial, vista por muitos como uma solução para o clima mais quente, não deve fornecer grande alívio. Segundo um estudo da Universidade de Basel, na Suíça, o consumo de água de estações de esqui aumenta em cerca de 80% com a troca para neve artificial.
Para o professor de ciência do clima na Universidade de Bruxelas, Wim Thiery, até o final do século não será mais possível esquiar nos Alpes. “Esses problemas só vão piorar quanto mais o clima esquentar”, disse.