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Classe média de Mianmar ‘sumiu’ devido à guerra civil, diz ONU

Novo relatório aponta que mais de 25% dos cidadãos do país estão 'pendurados por um fio' acima da linha da pobreza

Por Da Redação
Atualizado em 8 Maio 2024, 13h20 - Publicado em 12 abr 2024, 14h46
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  • A classe média de Mianmar, nação no sudeste da Ásia, praticamente sumiu, e está cada vez mais perto de atingir o nível de pobreza, devido aos danos provocados por uma guerra civil entre militares e grupos organizados civis armados. É o que aponta um novo relatório das Nações Unidas, divulgado nesta sexta-feira, 12.

    Segundo o documento, mais de 25% dos cidadãos do país estão “pendurados por um fio” acima da linha da pobreza, com base em dados colhidos em outubro de 2023. Os autores da pesquisa afirmam que a situação deve estar ainda mais grave neste ano. 

    “Desde então, o conflito intensificado levou mais pessoas deslocadas a perder seus meios de subsistência. Muitas empresas fecharam”, disseram os pesquisadores do Programa de Desenvolvimento das Nações Unidas (PNUD).

    Detalhes do relatório

    Quase metade dos 54 milhões de habitantes de Mianmar está em situação de pobreza, ou seja, vivem com menos de 76 centavos de dólar por dia (cerca de R$ 3,90 por dia). A porcentagem da população abaixo da linha da pobreza dobrou desde 2017 e o aumento da inflação fez com que muitas pessoas deixassem de ter acesso a serviços essenciais, como saúde e educação, além diminuir a capacidade de compra de alimentos.

    A pobreza não apenas dobrou, mas também se intensificou, segundo o relatório. “No geral, cerca de três quartos da população estão na pobreza, mas o mais assustador são aqueles que sobrevivem agora em apenas um nível de subsistência. Então, a profundidade da pobreza é enorme”, disse Kanni Wignaraja, secretária-geral assistente e diretora regional do PNUD na Ásia. Com o agravamento da situação, a classe média está “literalmente desaparecendo”, disse Wignaraja.

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    Guerra civil

    O país asiático sofreu um golpe militar em 2021, quando o Tatmadaw, as forças armadas de Mianmar, rejeitou o resultado das eleições presidenciais e depôs o governo eleito de Aung San Suu Kyi, instaurando um regime militar. Desde então, uma oposição chamada de Governo de Unidade Nacional, que afirma ser a liderança legítima da nação, criou um braço armado chamado Força de Defesa do Povo para combater os militares no poder, dando início à uma guerra civil.

    Os ataques de militares contra a população de Mianmar estão se tornando cada vez mais intensos, fazendo quase três milhões de pessoas deixarem suas casas em busca de locais mais seguros. O país também mergulhou em uma forte crise econômica desde o golpe, contribuindo para o agravamento da pobreza no país. O valor da moeda local, o kyat, caiu vertiginosamente nos últimos três anos, enquanto o custo dos alimentos e outros recursos básicos aumentou. 

    “Sem intervenções imediatas para fornecer transferências de dinheiro, segurança alimentar e acesso a serviços básicos, a vulnerabilidade continuará crescendo e os impactos serão sentidos por gerações”, disse o administrador do PNUD, Achim Steiner.

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    Fim do progresso

    Antes do golpe, o país apresentava grande crescimento e era considerado uma das economias mais promissoras do Sudeste Asiático. Mianmar estava sendo governado democraticamente desde o fim do último regime militar, em 2011.

    O país tinha reduzido pela metade sua taxa de pobreza, passando de 48,2% para 24,8% entre 2005 e 2017. Em 2016, o Banco Asiático de Desenvolvimento classificou a economia do país como a de crescimento mais rápido da região, com uma média de 6% ao ano.

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