A cidade de Uvalde, no Texas, chegou a um acordo nesta quarta-feira, 22, com 19 famílias de crianças mortas ou feridas em um massacre na escola primária Robb Elementary School, em 24 de maio de 2022. Na ocasião, o jovem Salvador Ramos, de 18 anos, invadiu o centro de ensino e matou a tiros 19 crianças e duas professoras. A resolução prevê uma reforma da polícia local, criticada pela resposta lenta aos pedidos de socorro; a criação de um memorial para as vítimas; e uma indenização de US$ 2 milhões (cerca de R$ 10 milhões) às famílias.
Entre os demandantes estavam 17 famílias de crianças assassinadas e duas famílias de menores feridos. A cidade se comprometeu a aprimorar o trabalho da polícia a partir da contratação de oficiais devidamente qualificados e de treinamentos mais eficientes. Durante a resposta ao ataque, quase 400 agentes locais, estaduais e federais esperaram do lado de fora da escola por 77 minutos até uma equipe da Patrulha de Fronteira entrar no edifício e matar Ramos.
“Os agentes ficaram tão aterrorizados que optaram por evitar sua responsabilidade com a comunidade de Uvalde: colocarem-se entre uma pessoa muito perigosa e uma criança”, afirmou Josh Koskoff, advogado das famílias, em comunicado.
Ainda que tenham entrado em acordo com a cidade, a equipe jurídica também entrou com ação contra o Departamento de Segurança Pública do Texas — um relatório de um comitê de legisladores estaduais, divulgado em julho de 2022, indicou “falhas sistêmicas e tomadas de decisão extremamente ruins” dos policiais envolvidos na resposta ao atirador. Os réus incluem o então chefe de polícia do Distrito Escolar Independente de Uvalde, Pete Arredondo, e a ex-diretora da escola, Mandy Gutierrez.
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O que disse o relatório?
O documento destacou a falta de liderança e urgência, descrevendo uma “abordagem negligente” por parte das autoridades no local, e criticou a resposta das autoridades por não priorizarem “salvar a vida de vítimas inocentes em detrimento de sua própria segurança”. Segundo o texto, o período de mais de uma hora de espera antes de confrontar e matar o agressor foi “inaceitavelmente longo”.
“Não sabemos neste momento se os socorristas poderiam ter salvado mais vidas ao reduzir esse atraso”, acrescentou o relatório.
O documento também destaca um “vazio de liderança” que “pode ter contribuído para a perda de vidas”. Quem escreveu o plano de resposta do distrito a atiradores ativos foi o próprio Pete Arredondo, o que o coloca como líder da resposta policial a incidentes no tipo. Contudo, o chefe de polícia testemunhou que “não se considerava responsável” no dia.
A opinião geral das testemunhas entrevistadas para o relatório é de que Arredondo estava no comando. Outras não sabiam dizer quem estava no comando, descrevendo a situação como “caótica”. O policial foi colocado em licença compulsória em junho de 2022 e, depois disso, renunciou ao cargo.
No entanto, o relatório aponta que havia socorristas de várias agências no local – muitas mais bem treinadas e melhor equipadas do que a polícia do distrito escolar – que poderiam ter ajudado a controlar a situação.