A China proibiu nesta quarta-feira, 6, o uso de iPhones da Apple e outros dispositivos de marcas estrangeiras por funcionários do governo durante o trabalho. A orientação é que esses smartphones sequer sejam levados para o escritório.
De acordo com o jornal americano The Wall Street Journal, os funcionários do governo chinês receberam instruções dos seus superiores em aplicativos de mensagens ou reuniões no local de trabalho, mas a abrangência das ordens não ficou clara. Além disso, nenhum outro telefone além do iPhone.
A nova medida gerou preocupação entre as empresas estrangeiras com operações na China, que viram a proibição como uma nova marca no aumento das tensões com os Estados Unidos.
A proibição ocorre uma semana antes de um evento da Apple, que deve lançar uma nova linha de smartphones. As ações da fabricante do iPhone caíram 0,7% nas negociações de pré-mercado por conta da matéria do Post. Mesmo assim, as chances de um impacto imediato nos lucros são baixas, já que o iPhone é extremamente popular na China.
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Há mais de uma década, a China tenta reduzir a dependência de tecnologias estrangeiras. No começo, orientou que empresas conectadas ao Estado, como os bancos, usassem apenas softwares nacionais e promoveu a produção local de semicondutores (os chips que alimentam desde celulares até armas de guerra).
Pequim intensificou essa campanha em 2020, quando propôs um modelo de crescimento de “dupla circulação”, para reduzir a dependência de tecnologia estrangeira e aumentar a segurança de dados nacionais. Em maio deste ano, o governo aumentou a pressão sobre grandes empresas estatais para alcançarem autossuficiência tecnológica.
Enquanto isso, as tensões com os Estados Unidos aumentaram. Washington, com aliados na Ásia e Europa, tenta bloquear o acesso da China a equipamentos vitais para que sua indústria de chips seja competitiva.
Com a medida contra a Apple, que emprega mais de um milhão de trabalhadores chineses, nenhuma outra empresa americana parece estar imune ao projeto chinês de autossuficiência.
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A restrição chinesa também reflete proibições semelhantes tomadas nos Estados Unidos. Nos últimos meses, legisladores americanos, europeus e canadenses intensificaram esforços para banir o TikTok, popular aplicativo de vídeos curtos que pertence à empresa chinesa ByteDance, citando ameaças à segurança.
A Casa Branca orientou funcionários do governo a excluírem o aplicativo de seus smartphones em fevereiro, o que se repetiu em nível municipal em várias cidades, como Nova York. No mês seguinte, um comitê da Câmara dos Deputados apoiou uma medida ainda mais extrema, votando a favor de uma legislação que permitiria ao presidente americano, Joe Biden, banir o TikTok de todos os dispositivos no país.
Outros países e órgãos governamentais também baniram o uso do aplicativo por funcionários ligados à máquina pública. Entre eles: Reino Unido, Austrália, Canadá, União Europeia, França e Nova Zelândia.