A China desmentiu nas Nações Unidas, nesta segunda-feira (13), manter campos de reeducação para até um milhão de pessoas da minoria étnica uigur, em processo semelhante ao do governo de Mao Tse-tung, que confinava opositores da Revolução Cultural. Os uigures professam a religião muçulmana e habitam a província de Xinjang, no noroeste do país.
“A afirmação que um milhão de uigures estão detidos em campos de reeducação é completamente falsa”, disse Hu Lianhe, diretor da Frente Unida do Trabalho, um órgão do Comitê Central do Partido Comunista da China.
O funcionário fez parte de uma delegação de cinquenta representantes de ministérios e outras entidades públicas da China que compareceram à sessão do Comitê da ONU contra a Discriminação Racial dedicada a investigar a situação nesse país.
O especialista do Comitê da ONU Gay McDougall disse ter recebido várias “informações críveis” sobre a decisão do governo de transformar Xinjang em um “enorme campo de internamento”. A expressão é equivalente a campo de concentração.
Os campos de reeducação estão localizados em Xinjang, região de acesso restrito para as organizações de direitos humanos e para imprensa independente, onde houve protestos contra restrições às liberdades e atentados. O governo central atribuiu os ataques a grupos terroristas.
No início deste ano, a Radio Free Asia (RFA), grupo de comunicação apoiado pelos Estados Unidos, produziu reportagens detalhadas sobre o confinamento de 120.000 uigures em campos de reeducação política. A organização Human Rights Watch também denuncia a presença desses campos, que parecem reviver os métodos adotados pelo governo chinês a partir de 1966.
Após uma pausa na sessão, também negou que os uigures sejam vítimas de desaparecimento ou de restrições para professar sua religião. Um representante da Procuradoria Suprema do Povo da China rejeitou igualmente as acusações relacionadas com supostas execuções forçadas, detenções arbitrárias e outras violações dos direitos da minoria uighur.
“A China aderiu ao princípio de igualdade e desenvolvimento de todos os grupos étnicos em igualdade de condições”, assegurou o procurador Zhou Huiyun.
Como um dos chefes da delegação chinesa que compareceu a Genebra, onde está reunido o Comitê da ONU, o diretor-geral do Departamento de Tratados do Ministério das Relações Exteriores, Xu Hong, sustentou que a aplicação da Convenção contra a Discriminação Racial e os avanços na proteção das minorias étnicas “são tangíveis e visíveis” em seu país.
“Certamente, estamos totalmente conscientes de que, como qualquer país multiétnico e com uma grande população, há espaço para melhorias. Portanto esperamos sugestões construtivas do Comitê neste sentido”, acrescentou.
De outros ministérios, os funcionários enviados por Pequim asseguraram não só que não há discriminação para o acesso à saúde, à educação e ao emprego das minorias, mas estas têm vantagens.
(Com EFE)