O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, exigiu nesta quinta-feira – pela primeira vez publicamente – que o ditador sírio, Bashar Assad, deixe o poder. “Nós dissemos de forma consistente que o presidente Assad deve liderar uma transição democrática ou sair do caminho. Ele não liderou. Pelo bem do povo sírio, chegou o momento para que o presidente Assad deixe o poder”, enfatizou Obama, em comunicado distribuído pela Casa Branca. “O futuro da Síria deve ser determinado por seu próprio povo, mas o presidente Assad está impedindo que isso aconteça.”
Entenda o caso
- • Na onda da Primavera Árabe, que teve início na Tunísia, sírios saíram às ruas em 15 de março para protestar contra o regime de Bashar Assad, no poder há 11 anos
- • Desde então, os rebeldes sofrem violenta repressão pelas forças de segurança do ditador, que já mataram mais de 1.400 pessoas no país, de acordo com a ONU
- • Tentando escapar dos confrontos, milhares de sírios cruzaram a fronteira e foram buscar refúgio na vizinha Turquia
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As autoridades americanas também impuseram novas sanções contra o regime, entre as quais está o congelamento dos bens do governo sírio no país, a proibição de que americanos façam investimentos na Síria e o congelamento de todas as transações comerciais Estados Unidos-Síria relacionadas ao petróleo.
A secretária de Estado americana, Hillary Clinton, vem fazendo duras críticas à violenta repressão que Assad impõe a seu povo desde meados de março deste ano. Ela até chegou a dizer que “a Síria estaria melhor sem o Assad”, mas o governo americano vinha se negando a pedir claramente a saída do ditador, como fez nesta quinta-feira. Logo após a divulgação do comunicado de Obama, Hillary garantiu que os Estados Unidos tomarão atitudes adicionais para abrandar os efeitos colaterais dessas sanções sobre o povo sírio. Ela acrescentou: “Esperamos que outros países se unam aos Estados Unidos nesses passos que estamos tomando”.
UE – Os maiores temores de Assad, no momento, estão ligados à interrupção de contratos de comércio de petróleo. Segundo analistas ouvidos pela rede americana CNN, 90% das exportações sírias são direcionadas à União Europeia, grupo se reunirá na próxima sexta-feira com o intuito de imitar as medidas americanas quanto às transações com a Síria. Mas o primeiro passo já foi dado: logo após o anúncio da Casa Branca, a UE emitiu um comunicado também pedindo a saída do ditador: “Bashar Assad perdeu toda legitimidade aos olhos do povo sírio e é necessário que deixe o poder”.
Violência – Mais cedo nesta quinta, Assad havia afirmado à ONU que iria parar os ataques aos opositores. Mas, ao que tudo indica, a promessa não foi cumprida. A oposição denunciou que a repressão do regime continua em várias cidades do país, inclusive a campanha do Exército contra Latakia, onde as forças de segurança mantêm sitiada uma mesquita no campo de refugiados do bairro de Al Raml.
Estas fontes asseguraram que há veículos militares estacionados nesse bairro de Latakia, cuja população sofreu nos últimos dias os ataques das forças de segurança do regime. Há relatos também de disparos de armas pesadas contra casas do bairro de Yafa, perto do campo de refugiados palestinos. No resto da Síria continuou a campanha de batidas e detenções de membros da oposição e várias cidades do país sofreram ataques das forças de segurança.
Enquanto isso, o Observatório Sírio de Direitos Humanos denunciou a campanha de repressão dos corpos de segurança e informou também que na província de Deraa dezenas de ativistas e manifestantes continuam sendo presos. Esses relatos vêm à tona depois que o Alto Comissariado de Direitos Humanos da ONU divulgou um comunicado no qual afirma que existem indícios de crimes contra a humanidade no país.
(Com agência EFE)