Chávez: mais bobagens em Doha

A chegada do ditador venezuelano Hugo Chávez a Doha, no Catar, para uma reunião entre países sul-americanos e árabes, nesta terça-feira, foi marcada por novas declarações inusitadas do líder populista. Chávez criticou abertamente a presidente de um próspero país de seu continente, enquanto defendia em público o líder de um país onde acontece uma das maiores tragédias da humanidade nesta década.
Chávez acusou a presidente do Chile, Michelle Bachelet, de colocar em perigo a unidade sul-americana por ter convidado para a reunião “progressista” de Viña del Mar os Estados Unidos e a Grã-Bretanha. “Há uns progressistas por aí que não entendo. Não faz nada bem à unidade da América do Sul quando a presidente do Chile convoca uma reunião com o vice-presidente dos Estados Unidos e o primeiro-ministro britânico”, disse ele em referência a Joe Biden e Gordon Brown.
Segundo o venezuelano, Biden e Brown são “dois representantes dos impérios” e o convite a eles “coloca em perigo a unidade sul-americana”. Chávez fazia referência à Reunião de Cúpula de Líderes do Progressismo que aconteceu no sábado na cidade litorânea chilena de Viña del Mar, que teve a participação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Lula também recebeu o britânico Gordon Brown em Brasília.
‘Genocídio’ – Depois de reclamar de Bachelet, Chávez defendeu o presidente do Sudão, Omar al-Bashir, alvo de um pedido de prisão da Corte Penal Internacional (CPI), e pediu que o tribunal prenda o ex-presidente americano George W.Bush por “genocídio”. “Por quê não ordenaram a captura de Bush? Por quê não ordenaram a captura do presidente de Israel?”, disse, ao comentar a ordem de detenção por crimes de guerra e contra a humanidade em Darfur.
“Vão buscá-lo, é um genocida”, completou Chávez a respeito de Bush, ainda o alvo preferido de seus discursos populistas. “A ordem de prisão contra Bashir é um despropósito jurídico e um desrespeito aos povos do terceiro mundo.” A guerra civil em Darfur provocou 300.000 mortes desde 2003, segundo a ONU. O governo sudanês comandado por Bashir diz que foram 10.000 os mortos, além de 2,7 milhões de deslocados.
(Com agência France-Presse)