O presidente venezuelano, Hugo Chávez, anunciou neste sábado, em breve discurso em Caracas, que começará nos “próximos dias” o tratamento de radioterapia para combater o câncer de que padece, recebendo o apoio de seus simpatizantes após retornar de Cuba, onde voltou a ser operado para a retirada de um segundo tumor maligno.
“Agora tenho que começar o tratamento da radioterapia nos próximos dias para atacar qualquer nova ameaça. Este câncer não poderá com Chávez”, disse o presidente, sem informar onde será tratado.
O presidente discursou do balcão do Palácio de Miraflores para centenas de seguidores, um dia depois de retornar a Caracas após uma estadia de três semanas em Cuba.
“Então, aqui estou de novo, no retorno permanente, recarregado com mais força, amor e vontade de viver”, acrescentou Chávez, que vestia uma jaqueta com as cores da bandeira venezuelana. Momentos antes do discurso, que durou quase uma hora, o chefe de Estado cantou para seus simpatizantes uma música tradicional venezuelana.
Chávez afirmou que “descansará” alguns dias e que a partir de agora deverá seguir uma “disciplina de recruta” para se recuperar plenamente após a operação a que se submeteu em Havana, em 26 de fevereiro, para a retirada de um segundo tumor canceroso na mesma região de onde teve extirpado o primeiro, em meados de 2011.
Aos 57 anos, o presidente, que desde que teve o câncer diagnosticado não deu detalhes sobre a natureza de sua doença nem de sua localização exata, voltou a rejeitar os rumores sobre seu estado de saúde e insistiu em que será candidato da situação às presidenciais de 7 de outubro.
“Esta é outra historinha que a oposição conta por aí: que estou morrendo, que não vou aguentar a campanha, que Elias (Jaua, vice-presidente da Venezuela) já seria o sucessor (…) Têm uma novela completa”, criticou o presidente.
Durante sua fala, Chávez disse a seus seguidores que devem se preparar para a campanha presidencial, lembrando que seu “objetivo central” deve ser a “batalha de 7 de outubro”, na qual prevê dar uma “surra memorável” no adversário, o governador Henrique Capriles Radonski.
Precisamente com vistas às eleições, Chávez convocou seus simpatizantes, que durante seu discurso pediram ao presidente “repouso”, “cuide-se” e para “aumentar a mobilização popular” em abril, antes do início formal da campanha, em julho.
Devemos “incrementar a mobilização, tomar as ruas, não vai ser a burguesia venezuelana que vai tomar as ruas aqui, as ruas são do povo, não da burguesia”, exclamou.
Consciente de que o adversário se recuperava de sua doença em Cuba, Capriles intensificou sua pré-campanha e esta semana anunciou que sua equipe se mobilizará por todo o país a partir do fim de semana que vem para levar sua mensagem “casa por casa”.
Durante sua estadia em Cuba, o presidente, que tinha declarado a própria recuperação em outubro, após quatro sessões de quimioterapia, apareceu em público em poucas ocasiões, especialmente em vídeos transmitidos pela televisão oficial venezuelana.
A todo momento, o chefe de Estado assegurou estar se recuperando, continuando a governar o país desde Havana sob as críticas da oposição, que pediu que delegasse suas funções ao vice-presidente.