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Chávez completa 1 ano de doença e Venezuela de incerteza

Por Da Redação
8 jun 2012, 14h52

José Luis Paniagua.

Caracas, 8 jun (EFE).- Hugo Chávez completa no próximo domingo um ano desde que o câncer o obrigou a passar por uma cirurgia pela primeira vez, ao mesmo tempo em que a Venezuela está imersa em uma incerteza que a acompanhará até as eleições do dia 7 de outubro e, talvez, além.

Um ano após ser operado de um abscesso que revelou um tumor na região pélvica, a falta de informação sobre a natureza da doença e suas implicações para o futuro do país enchem de perguntas sem respostas o país, já mergulhado nas eleições que decidirão o governante para o período 2013-2019.

Desde que no dia 10 de junho de 2011 foi operado em Havana, Chávez, de 57 anos, passou mais duas vezes pela sala de cirurgia por causa de tumores e esteve longas temporadas em Cuba para se tratar de um câncer com quimioterapia e radioterapia.

O silêncio alimentou rumores e versões para todos os gostos sobre mortes repentinas, supostas pioras e previsões, enquanto a oposição reivindicava sem sucesso que o chefe de Governo desse uma informação clara sobre sua situação.

Chávez defendeu seu direito à privacidade na hora de não dar toda a informação sobre sua doença, mas a ‘suficiente’ e tachou de ‘mórbido’ quem pediu mais dados.

No entanto, a incerteza e o segredo não se traduziram em uma deterioração da popularidade do presidente. Ao contrário, as pesquisas sobre intenções de voto o colocam na frente do candidato de unidade da oposição, Henrique Capriles, com uma vantagem que vai dos cinco aos 30 pontos.

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Além disso, embora o presidente tenha tido uma recaída em fevereiro de uma doença que em outubro do ano passado ele mesmo apregoara aos quatro ventos que tinha ficado para trás, as pesquisas assinalam que mais de 70% dos venezuelanos considera que Chávez se recuperará completamente.

‘O fato de as pesquisas ainda indicarem que apenas 15% da população acredita que (Chávez) possa estar fora de jogo, que pode piorar (…) é muito, mas muito interessante’, disse à Efe o analista Luis Vicente León, presidente da empresa de pesquisa Datanálisis.

Para León, os venezuelanos não assumiram ainda a ideia de que a doença de Chávez, para bem ou para mal, pode ter consequências em suas vidas, independentemente de se recuperar ou não.

A doença inundou tudo na Venezuela, é o tema em destaque das conversas, a piada nos mercados e até o elemento de comunhão temática em meios de imprensa do chavismo e da oposição.

Os analistas concordam em que a doença criou uma ‘solidariedade primária’ dos fãs do governante que o impulsionou nas pesquisas e relegou a discussão dos muitos problemas que o país tem a um segundo plano.

Dentro do Governo veem cada palavra de crítica ao presidente relacionada com a doença como uma pedra que afunda ainda mais a oposição, e o antichavismo trabalhou com muita cautela o tema na espera de que a campanha para as eleições do dia 7 ponha a toda prova o verdadeiro estado de saúde do presidente.

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‘Para alguns de nós é surpreendente que diante do hermetismo em termos de algo tão importante como a saúde do presidente o povo não reaja, mas as pesquisam evidenciam que as pessoas não percebem isto como negativo’, assinalou à Efe o coordenador de Políticas Públicas do Instituto de Estudos Superiores de Administração (IESA), José Manuel Puente.

Além da simpatia que a doença possa trazer, o presidente encontrou um aliado nos mais de US$ 100 que o preço do barril de petróleo vem batendo nos últimos meses, um valor nada desdenhável para um país que exporta três milhões de barris de petróleo diários.

Puente ressaltou que a Venezuela lucrou US$ 88 bilhões em 2011 com o petróleo, o que está fazendo com que o gasto público flua para programas sociais, assistenciais, produtivos e de toda ordem, que se traduzem em um crescimento econômico de 4,2% no ano passado e de 5,6% no primeiro trimestre deste ano.

Segundo o especialista, apesar do má condução macroeconômica, das expropriações, do ambiente de hiperregulação e da diminuição do investimento privado e internacional para ‘mínimos históricos’, a doença aconteceu em ‘meio a um ‘choque petrolífero”.

‘Tudo isto permitiu a Chávez no último ano ter um gasto público muito alto e uma política social muito agressiva (…) e isso tem a particularidade do moldar muito fortemente as percepções’, disse Puente. EFE

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