Javier Tebas Medrano, presidente da liga espanhola de futebol, a La Liga, virou alvo de críticas nesta segunda-feira, 22, por seu posicionamento displicente em relação ao mais recente ataque racista contra o jogador de futebol Vinicius Júnior, ocorridos na véspera. Tebas, contudo, já era conhecido por polêmicas. Além de ser notório apoiador do Vox, partido de extrema direita espanhol, ele chegou a participar da organização Fuerza Nova, herdeira do franquismo.
Durante a partida entre o Real Madrid, time de Vini Jr., e o Valencia, o jogador foi xingado de “macaco” pela torcida rival. Depois disso, já nos acréscimos do segundo tempo, um desentendimento na área do Valencia gerou nova confusão envolvendo o brasileiro e o goleiro adversário Mamardashvili, e Vinicius Júnior foi expulso da partida.
Indignado com o caso, o camisa 20 usou as suas redes sociais para criticar a inércia dos dirigentes do campeonato: “O racismo é o normal na La Liga. A competição acha normal, a Federação também e os adversários incentivam. Lamento muito”, escreveu no Twitter.
+ Em nota conjunta, cinco ministérios saem em defesa de Vinicius Júnior
Em contrapartida, Tebas contestou a postura adotada pelo jogador, afirmando que ele “não apareceu em nenhuma das duas datas combinadas” para tratar dos ataques racistas sofridos, declaração essa que foi confrontada pelo jogador que disse que “em vez de criticar racistas, o presidente da La Liga aparece nas redes sociais para me atacar”.
Mesmo com as contestações, o presidente reafirmou que seria “injusto” tratar o campeonato e a Espanha como “racistas”.
1) Ni España ni @LaLiga son racistas, es muy injusto decir eso.
2) Desde @LaLiga denunciamos y perseguimos el racismo con toda la dureza dentro de nuestras competencias.
3) Esta temporada se han denunciado 9 veces insultos racistas (8 de ellas ha sido por insultos contra… https://t.co/KFXHOJv6cb
— Javier Tebas Medrano (@Tebasjavier) May 22, 2023
Antes disso, Tebas já era uma figura controversa. Em 2019, o presidente da liga espanhola declarou abertamente apoio ao partido de extrema direita Vox, cujas posturas xenofóbicas são conhecidas. Além disso, ele defende até hoje ter feito parte do grupo Fuerza Nova, um grupo de partidos fascistas que existiu na Espanha entre 1976 e 1982. Em 2017, chegou, inclusive, a sair em defesa de um jogador do Rayo Vallecano que foi chamado de “nazista” por torcedores.
“Se a extrema direita significa defender a unidade da Espanha, a vida e o modo de vida católico, eu estou nesse grupo e continuo pensando o mesmo de quando estava em Fuerza Nueva”, disse em uma entrevista concedida em 2016.
Em 2019, o partido nacionalista se opôs ao casamento entre pessoas do mesmo sexo, à imigração e à lei de combate à violência doméstica, ao argumentar que prejudicaria homens.
Medrano elogiou, inclusive, a candidatura da líder ultradireitista da França, Marine Le Pen, que defendeu o fim da “islamização” no país, o combate à imigração e a disponibilização de educação gratuita apenas para cidadãos franceses.