O secretário de Estado da Alemanha para Assuntos Europeus, Michael Roth, declarou em uma entrevista publicada nesta terça-feira, 8, que o governo alemão está disposto a considerar “todo tipo” de sanções possíveis contra a Rússia após a internação do proeminente líder da oposição russa Alexei Navalny, que, segundo Berlim, foi envenenado.
O governo deseja comunicar “que estamos abertos a todo tipo de possibilidades de sanções” tomadas pela União Europeia contra Moscou, afirmou Roth, que na prática atua como o chefe da diplomacia alemã na Europa, atrás apenas da chanceler, Angela Merkel, e do ministro das Relações Exteriores, Heiko Mass.
Entre as possibilidades de sanções está o congelamento do projeto de gasoduto Nord Stream 2, que deve ligar a Rússia à Europa através da Alemanha e do mar Báltico.
A decisão será “o resultado de discussões e consultas estreitas no nível europeu”, disse Roth, lembrando que o congelamento do projeto, cujas obras estão paralisadas, afetaria toda a Europa — como relatou a revista Nature no final de 2019, a Rússia é responsável por 40% das importações de gás natural da União Europeia.
Para discutir a questão, Roth se reuniu na segunda-feira 7 com o secretário de Estado da França para Assuntos Europeus, Clément Baune.
Segundo o secretário alemão, Moscou ainda pode evitar as sanções. “As autoridades russas ainda têm a possibilidade de mostrar claramente sua vontade de cooperar e esclarecer um crime que continua me deixando sem palavras”, disse.
O debate sobre o Nord Stream 2 foi reacendido na Alemanha, uma vez que Berlim considerou comprovado o envenenamento de Navalny por um agente nervoso do tipo Novichok. O Kremlin rejeita a acusação.
Superior de Roth, Maas mencionou no domingo 6 que membros do governo russo que teriam tido papel no envenenamento do opositor russo poderiam ser alvo de sanções individuais.
Navalny está internado no hospital Charité, em Berlim, desde 22 de agosto, após ser transferido da Rússia, onde entrou em coma após se sentir mal em um voo na Sibéria.
‘Crime muito grave’
Também nesta terça-feira, a alta-comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, exigiu uma “investigação profunda, transparente, independente e imparcial” por parte das autoridades russas sobre o “crime muito grave” cometido contra Navalny.
“Cabe às autoridades russas investigar em profundidade quem foi o responsável por este crime muito grave cometido em solo russo”, afirmou.
Bachelet disse ainda que agentes neurotóxicos como o Novichok e Polônio-210 são substâncias sofisticadas extremamente difíceis de se obter.
“Isso levanta muitas questões. Por que usar substâncias como essas? Quem as usa? Como as conseguiram?”, apontou.
(Com AFP)