Capitão de naufrágio diz ser tratado ‘pior do que bin Laden’
Schettino é acusado de afundar e abandonar navio e de mortes por negligência
Francesco Schettino, o capitão do navio de cruzeiro Costa Concordia – que naufragou há um ano perto da ilha de Giglio, na Toscana, causando 32 mortes – queixou-se de ser “retratado como alguém pior do que Osama bin Laden”, em uma entrevista publicada nesta segunda-feira pelo jornal italiano La Stampa.
“Eu fui atormentado durante todo o ano pelo o que aconteceu na noite de 13 de janeiro. É uma dor sincera, do fundo do coração. Eu fui retratado como sendo pior do que bin Laden, mas lamento muito pelo o que aconteceu”, comentou, referindo-se ao ex-líder do grupo terrorista Al Qaeda. Acusado pela Justiça por naufrágio, homicídios por negligência e por abandonar o navio, Schettino disse que ‘pode ter errado, mas não estava sozinho aquela noite’.
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“Honestamente, eu nego a imagem que me impuseram, ridicularizando não só os meus 30 anos de trabalho, minha experiência no mundo todo, mas também a imagem do nosso país, exposto a críticas no planeta inteiro”, reclamou.
O capitão deixou o Costa Concordia antes de a evacuação ser concluída, violando várias regras de navegação. Em sua defesa, ele diz ter ‘caído’ em um bote salva-vidas, enquanto a retirada dos passageiros estava em andamento. Na mesma entrevista publicada nesta segunda-feira, ele afirmou que sua queda foi devido à “gravidade”, já que o navio estava muito inclinado.
Naufrágio – O Costa Concordia transportava 4.229 pessoas, entre elas mais de 3.200 passageiros, quando encalhou na noite de 13 de janeiro próximo as margens da Ilha Giglio depois de bater numa rocha a 300 metros da costa. Trinta e duas pessoas morreram no naufrágio – os corpos de duas vítimas nunca foram encontrados. No próximo domingo, várias cerimônias serão realizadas na ilha de Giglio, para lembrar o primeiro aniversário do acidente e homenagear as vítimas. Depois de um ano de investigações sobre a tragédia, os juízes se preparam para pedir o reenvio à justiça de oito processos, envolvendo oficiais do navio e diretores da Costa Cruzeiros, a companhia proprietária do navio. Mas o principal acusado aos olhos da justiça e do mundo permanece Francesco Schettino, que apela por uma mudança de regras neste tipo de situação. “Depois do naufrágio do Titanic, muitas coisas foram revistas. Devemos fazer o mesmo agora. Os oficiais a bordo também têm um papel. Enfim, as regras precisam ser revistas”, disse. (Com agência France-Presse)